Vulcão na Indonésia entra em erupção e lança cinzas a 11 km de altura

DA REDAÇÃO

O Monte Lewotobi Laki-laki, localizado na província de East Nusa Tenggara, na Indonésia, entrou em erupção na noite desta terça-feira (17), lançando uma coluna de cinzas a impressionantes 11 quilômetros de altura e provocando um alerta imediato por parte das autoridades locais. O nível de alerta foi elevado para o mais alto da escala o vermelho, o que sinaliza risco extremo de atividade vulcânica e consequências graves para a população ao redor.

O fenômeno, considerado um dos mais intensos registrados neste ano no arquipélago asiático, levou as autoridades indonésias a emitirem recomendações urgentes à população das áreas próximas ao vulcão, alertando para o risco de fluxos de lava, queda de cinzas tóxicas e possíveis deslizamentos de terra. O Instituto de Vulcanologia da Indonésia classificou a erupção como altamente explosiva e orientou os moradores a não se aproximarem de um raio de 4 km ao redor da cratera.

A atividade do Monte Lewotobi não é novidade para os especialistas. O vulcão, que compõe uma cadeia de formações geológicas ativas na região sudeste da Indonésia, havia apresentado sinais de instabilidade no mês passado, com uma breve erupção que não causou grandes danos. No entanto, o episódio desta terça-feira superou todas as expectativas anteriores quanto à sua magnitude.

Segundo os dados preliminares fornecidos pela Agência Nacional de Mitigação de Desastres (BNPB), ainda não há informações confirmadas sobre vítimas ou número de evacuados, mas equipes de emergência já foram mobilizadas para a região com o objetivo de organizar abrigos temporários, fornecer máscaras de proteção contra inalação de cinzas e coordenar eventuais ações de resgate.

Imagens registradas por moradores e drones mostram o céu completamente encoberto por uma densa nuvem escura, que se espalhou rapidamente por dezenas de quilômetros, afetando inclusive a visibilidade em áreas urbanas mais distantes. A aviação comercial foi imediatamente afetada, com voos sendo desviados ou cancelados nos aeroportos regionais de Larantuka e Kupang. A Autoridade de Aviação Civil da Indonésia também emitiu alerta vermelho para rotas aéreas que sobrevoam a região leste do país.

Este evento reforça o papel da Indonésia como um dos países mais ativos geologicamente do mundo. Situado no chamado Círculo de Fogo do Pacífico, o arquipélago possui mais de 120 vulcões ativos e já enfrentou ao longo das décadas diversas erupções devastadoras, como a do Krakatoa em 1883 e a do Monte Merapi em 2010. A vigilância sísmica na região é constante, e os protocolos de resposta a emergências foram intensificados nos últimos anos, especialmente após tragédias anteriores.

Os riscos ambientais de uma erupção de tal magnitude vão além dos danos locais. A dispersão de partículas finas de cinzas vulcânicas na atmosfera pode interferir no clima global temporariamente, reduzir a incidência solar em determinadas regiões e comprometer a qualidade do ar a milhares de quilômetros de distância. Cientistas climáticos alertam para o potencial de impacto regional, especialmente em países vizinhos como Timor-Leste e Austrália, dependendo dos ventos e das condições atmosféricas nos próximos dias.

Especialistas também chamam atenção para o impacto na saúde pública. A inalação de cinzas vulcânicas pode causar problemas respiratórios sérios, especialmente em crianças, idosos e pessoas com doenças pulmonares. As autoridades sanitárias estão recomendando o uso contínuo de máscaras e a permanência em ambientes fechados, além de fornecer kits de emergência para comunidades isoladas.

Do ponto de vista social, comunidades ribeirinhas e agrícolas próximas ao Monte Lewotobi enfrentam o risco de perda de plantações, contaminação da água e danos a infraestruturas. Muitas dessas localidades dependem da agricultura de subsistência e podem sofrer impactos duradouros caso a atividade vulcânica persista nos próximos dias.

Enquanto isso, o governo da Indonésia já mobilizou o Exército para auxiliar nas evacuações preventivas, distribuir suprimentos e garantir o transporte seguro dos moradores das áreas de maior risco. Equipes de busca e salvamento foram posicionadas em pontos estratégicos, prontas para agir caso haja desabamentos, soterramentos ou feridos.

A última vez que o Monte Lewotobi Laki-laki havia entrado em erupção com alta intensidade foi em 2003. Desde então, diversas atividades secundárias foram observadas, mas nenhuma com a potência atual. A repetição do evento neste curto intervalo de tempo já que em maio o vulcão havia demonstrado atividade acendeu um alerta máximo entre os geólogos do Centro de Vulcanologia e Mitigação de Desastres Geológicos da Indonésia.

As autoridades continuam monitorando a situação e atualizando boletins a cada hora. Caso a atividade continue a aumentar, uma evacuação total da região poderá ser implementada.

Moradores relataram nas redes sociais cenas de pânico e correria ao verem a coluna de cinzas se formar no céu noturno. Vídeos compartilhados mostram crianças sendo carregadas às pressas por pais aflitos, escolas sendo fechadas e igrejas abrindo suas portas para acolher famílias em fuga.

O governo reforça que os cidadãos sigam as instruções oficiais, mantenham a calma e não divulguem boatos que possam gerar ainda mais instabilidade social em meio à crise.

A erupção do Monte Lewotobi é um lembrete de que, mesmo em tempos de tecnologia avançada, a natureza continua sendo um agente imprevisível e avassalador. A resposta rápida das autoridades e o preparo das comunidades locais serão determinantes para minimizar os danos e preservar vidas nesta que já é uma das mais impactantes ocorrências vulcânicas do ano.