União Europeia Reage à Ameaça de Trump de Impor Tarifas de 50% em Produtos Europeus

DA REDAÇÃO

O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que poderá impor tarifas de até 50% sobre produtos europeus abalou o mercado financeiro e provocou reações imediatas da União Europeia nesta segunda-feira (22). As bolsas europeias fecharam no vermelho, refletindo a incerteza e a preocupação com o impacto de uma possível escalada na guerra comercial entre Washington e Bruxelas.

A ameaça de Trump vem em meio a um contexto global já tenso, em que as disputas tarifárias têm sido usadas como arma política e econômica. Fontes ligadas à Comissão Europeia afirmaram que o bloco está pronto para responder com medidas proporcionais caso a nova rodada de tarifas seja confirmada.

Em Bruxelas, representantes da UE destacaram que a imposição de tarifas dessa magnitude seria considerada “injustificável” e “contrária aos princípios do livre comércio”. A expectativa é que a Comissão Europeia leve o tema à Organização Mundial do Comércio (OMC), buscando abrir um painel de resolução de disputas caso as medidas de Trump avancem.

A fala de Trump não especificou quais setores seriam mais afetados, mas analistas avaliam que setores-chave como o automobilístico, agrícola e de bens de consumo estão entre os principais alvos. “Se Trump levar adiante essa ameaça, veremos impactos sérios na indústria automobilística europeia, por exemplo, que já vem enfrentando desafios com a transição energética e o mercado asiático”, disse o economista-chefe da Confederação da Indústria Alemã, Hans Müller.

Na última vez em que medidas tarifárias similares foram adotadas, em 2018, a União Europeia respondeu com tarifas sobre produtos norte-americanos como bourbon, motocicletas e jeans, além de abrir processos na OMC.

As bolsas europeias encerraram a sessão desta segunda-feira em queda generalizada: o índice DAX, da Alemanha, recuou 1,5%, enquanto o CAC 40, da França, perdeu 1,3%. O IBEX 35, da Espanha, teve queda de 1,7%.

Em nota oficial, o Ministério da Economia da França afirmou que o país está em contato com seus parceiros europeus para coordenar uma resposta conjunta. “O livre comércio deve ser defendido com vigor e responsabilidade. Tarifas unilaterais não podem se tornar norma nas relações econômicas internacionais”, diz o comunicado.

No campo diplomático, a expectativa é de que os próximos dias sejam de intensas negociações para tentar evitar uma escalada maior. Fontes do Parlamento Europeu afirmaram que o tema será debatido em caráter de urgência em reunião plenária marcada para esta quarta-feira.

O movimento de Trump é visto como parte de sua estratégia de política externa agressiva em busca de apoio eleitoral, especialmente em estados industriais onde promessas de proteção comercial encontram respaldo. No entanto, especialistas alertam que a economia global, já fragilizada por conflitos geopolíticos e incertezas pós-pandemia, pode sofrer impactos significativos caso a retaliação comercial entre os blocos se materialize.

Analistas esperam que, mesmo que as tarifas não sejam imediatamente implementadas, a ameaça em si já cause volatilidade nos mercados e reforce as preocupações com o crescimento econômico global. Enquanto isso, a União Europeia reafirma seu compromisso com o diálogo, mas deixa claro que está pronta para defender seus interesses caso a guerra comercial seja retomada em nova escala.