
A política de trabalho remoto, que se consolidou como uma tendência nos Estados Unidos após a pandemia de Covid-19, está sendo revertida no governo de Donald Trump. Em uma decisão polêmica, o presidente eleito dos Estados Unidos anunciou, em 20 de janeiro de 2025, a proibição do home office para funcionários públicos federais. A medida foi tomada em parceria com Elon Musk, empresário influente e czar do governo para a reforma do Estado, que ajudou a implementar o fim do home office no setor público.
A nova ordem, anunciada no site da Casa Branca, exige que todos os departamentos e agências do Poder Executivo federal garantam que os funcionários retornem ao trabalho presencial, com a eliminação dos acordos de trabalho remoto. A medida, que visa fortalecer a fiscalização e supervisão das atividades governamentais, é respaldada pela crença de que a presença física no local de trabalho é fundamental para garantir que os recursos públicos sejam bem utilizados e para evitar a queda na produtividade.
A visão de Trump e Musk sobre a importância do trabalho presencial no setor público reflete uma abordagem mais tradicional, muitas vezes caracterizada por uma liderança “old school”. Para eles, o modelo de trabalho remoto enfraquece a capacidade de supervisão e controle sobre os resultados, além de permitir uma maior desconexão entre os servidores e a missão institucional. A adoção do trabalho presencial, portanto, é vista como uma forma de garantir que os funcionários públicos cumpram suas obrigações de maneira mais eficaz e responsável.
O impacto dessa mudança, no entanto, pode ser significativo. Muitos funcionários públicos federais estavam acostumados com o modelo híbrido ou totalmente remoto, especialmente após a pandemia, que incentivou o trabalho remoto como medida de segurança. De acordo com o Escritório de Gestão de Pessoal (OMB), cerca de 1 milhão de trabalhadores federais estavam operando em regime híbrido ou remoto até 2024. A nova política pode, portanto, gerar resistência e até mesmo pedidos de demissão voluntária de servidores que preferem a flexibilidade do home office.
Além disso, a medida de Trump também reflete uma reestruturação mais ampla no setor público americano. A criação do Department of Government Efficiency, liderado por Elon Musk, promete transformar a forma como o governo dos Estados Unidos opera. Musk, conhecido por sua visão disruptiva e foco em resultados rápidos, tem trabalhado para cortar departamentos que considera desnecessários, como os de diversidade, equidade e inclusão, e estabelecer novas estruturas baseadas no mérito.
Essas mudanças fazem parte de uma série de políticas que visam tornar o governo federal mais eficiente e alinhado com as expectativas da administração de Trump. Entre as ações que têm gerado controvérsia está a reinstalação do “Schedule F”, uma medida que permite que funcionários federais sejam reclassificados como nomeações políticas. Isso enfraquece as proteções tradicionais dos servidores civis e facilita a demissão de funcionários considerados desleais ao governo, o que tem gerado preocupação sobre a politização do serviço público.
A medida que coloca fim ao home office no setor público se alinha a uma tendência mais ampla, observada em grandes empresas dos Estados Unidos, como a Amazon e Tesla, que também estão optando por fazer seus funcionários retornarem ao escritório. Elon Musk, que havia imposto políticas semelhantes na Tesla em 2022, agora aplica essas mesmas ideias ao setor público, acreditando que a supervisão presencial é crucial para a produtividade e eficiência organizacional.
O impacto dessa transformação no setor público será profundo. Embora a medida possa garantir maior controle sobre as atividades governamentais, também levanta questões sobre a flexibilidade no trabalho e a capacidade de atrair novos talentos para cargos públicos, especialmente em um país onde a competição com o setor privado, que oferece maiores salários e benefícios, já é um desafio.
Ao desmantelar o home office no setor público, Trump e Musk parecem buscar um modelo de governança mais rígido, focado em produtividade e supervisão direta, mas as consequências dessa mudança, tanto para os servidores quanto para a eficácia do governo, ainda precisam ser observadas. O futuro do trabalho nos Estados Unidos passa a ser remodelado, e as práticas adotadas por Trump e Musk podem estabelecer um novo paradigma para o funcionalismo público no país.