
A decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 10% sobre produtos brasileiros teve um impacto direto nas exportações de etanol do Brasil, com a possibilidade de o valor ser reajustado para 12,5%. Este movimento fechou uma importante janela de exportação para o etanol brasileiro, um mercado que já apresentava volumes de venda reduzidos ao longo dos últimos anos. A consultoria Datagro analisou a situação em um relatório divulgado na segunda-feira (7) e avaliou que, independentemente de o reajuste ser de 10% ou 12,5%, o mercado americano de etanol foi definitivamente fechado.
Até o anúncio das novas tarifas, os Estados Unidos aplicavam uma tarifa de apenas 2,5% sobre o etanol brasileiro, o que possibilitava uma comercialização mais fluida entre os dois países. No entanto, com o aumento dessa tarifa, o Brasil, que já enfrentava dificuldades com volumes de exportação reduzidos, vê a concorrência internacional em um cenário ainda mais desafiador.
A consultoria revelou que, no último ano, os EUA importaram apenas 330 milhões de litros de etanol, representando 16,4% do total exportado pelo Brasil para todos os destinos. Esse volume, conforme apontado pela Datagro, representou menos de 1% da produção total de etanol do Brasil para o ano de 2024/25, evidenciando a perda de relevância do mercado americano no contexto das exportações brasileiras de etanol.
O impacto das novas tarifas pode também gerar reações em outros países, com a possibilidade de imposição de restrições ou tarifas retaliatórias. A avaliação é que, caso outros países afetados pelas tarifas dos EUA decidam reagir, o etanol brasileiro poderia encontrar novos mercados no exterior, substituindo os volumes que antes eram destinados ao mercado americano.
Além disso, a Datagro destacou que os EUA, mesmo com as restrições impostas ao Brasil, continuam a exportar etanol em grande volume, com um recorde de 7,4 bilhões de litros exportados em 2024. Entre os principais destinos desses envios estão Canadá, Reino Unido, Índia, Colômbia, Coreia do Sul e União Europeia. Embora o Brasil tenha perdido o mercado norte-americano, a situação pode abrir novas oportunidades para o etanol brasileiro, caso países como os mencionados acima decidam retaliar os EUA no setor de etanol, criando espaço para o aumento das exportações do combustível verde do Brasil.
Essa situação coloca o setor de etanol brasileiro em um momento de transição, obrigando os produtores a buscar novas alternativas comerciais, já que o mercado dos EUA, um dos maiores consumidores de etanol no mundo, se tornou inviável devido à política tarifária de Donald Trump. Por outro lado, a possibilidade de retaliação por parte de outros mercados pode ser um ponto positivo, uma vez que abre um leque de oportunidades para o etanol brasileiro em um cenário de intensificação das tarifas impostas pelos EUA.
O setor de etanol do Brasil, que é um dos maiores produtores do mundo, terá que se adaptar rapidamente a essa nova realidade comercial. O desafio será não só recuperar os volumes exportados para os EUA, mas também conquistar novos mercados e fortalecer os atuais, aproveitando as oportunidades criadas pela crise gerada pelas tarifas dos EUA.