Manifestantes fazem ato pró-Palestina em SP e pedem rompimento de relações com Israel

DA REDAÇÃO

Na manhã deste domingo (15), centenas de manifestantes ocuparam a Praça Roosevelt, no centro de São Paulo, em um ato pró-Palestina que criticou duramente as ações militares de Israel na Faixa de Gaza. Com faixas, bandeiras e palavras de ordem, o grupo expressou solidariedade ao povo palestino e cobrou medidas mais enérgicas do governo brasileiro, incluindo o rompimento das relações diplomáticas e comerciais com o Estado israelense.

Convocada por entidades civis, movimentos populares, coletivos artísticos e políticos, a manifestação reuniu aproximadamente 500 pessoas, de acordo com estimativa da Polícia Militar até às 11h30. Após a concentração, os participantes seguiram em caminhada em direção à Praça Cinquentenário de Israel, localizada no bairro de Higienópolis, também na região central da capital paulista.

O ato, que transcorreu de forma pacífica, teve forte conteúdo político e simbólico. Cartazes com dizeres como “Gaza não está sozinha”, “Fim do apartheid israelense” e “Paz para a Palestina” eram visíveis entre os manifestantes. Muitos usavam kufiyyas lenços típicos da cultura palestina e camisetas com a bandeira da Palestina.

Um dos principais discursos do evento foi feito pelo deputado federal Guilherme Boulos (PSol), que classificou a situação na Faixa de Gaza como uma tragédia humanitária sem precedentes. Em suas palavras, “Gaza virou um campo de concentração a céu aberto. O que a gente vê, com crianças sendo mortas na fila da comida, com famílias destroçadas, só não indigna quem já morreu por dentro. Isso é um crime contra a humanidade”.

A mobilização ocorre em um momento delicado no cenário internacional. Desde o início da nova ofensiva militar de Israel contra o Hamas em março de 2025, a Faixa de Gaza tem vivido sob intensos bombardeios, resultando em mais de 3 mil mortos e 10 mil feridos, segundo o Ministério da Saúde da Palestina, sediado em Gaza. A tragédia se agravou com o bloqueio de ajuda humanitária imposto por Israel, que só foi parcialmente suspenso no final de maio após pressão de organismos internacionais e líderes mundiais.

A comunidade internacional tem reagido com crescente preocupação. Críticas se intensificam contra a política de cerco total imposta por Israel, especialmente após relatos de mortes de civis em situações de extrema vulnerabilidade como filas por alimentos, hospitais destruídos e falta de água potável. Organizações de direitos humanos têm classificado o cenário como um colapso humanitário, denunciando crimes de guerra e violações sistemáticas contra o povo palestino.

Durante o protesto em São Paulo, também foi abordada a necessidade de revisão da política externa brasileira diante do conflito. Entre os pedidos expressos nas falas dos manifestantes, destacou-se a exigência para que o Brasil suspenda qualquer cooperação comercial ou diplomática com o governo de Benjamin Netanyahu. “Não se pode manter relações com um Estado que promove massacres e destrói populações inteiras”, afirmou uma das lideranças presentes no ato.

A manifestação também contou com a presença de representantes de entidades estudantis, sindicais e da comunidade árabe-palestina no Brasil. “É muito importante que a sociedade brasileira se manifeste. O silêncio é cumplicidade. Estamos aqui para lembrar que cada vida palestina importa e que não podemos normalizar esse genocídio”, declarou uma jovem descendente de palestinos, visivelmente emocionada.

Em Higienópolis, bairro com significativa presença da comunidade judaica paulistana, a chegada dos manifestantes ocorreu com acompanhamento reforçado da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana, garantindo a segurança e evitando confrontos. Segundo a PM, não houve incidentes durante o percurso e a manifestação se dispersou pacificamente por volta das 13h.

Nas redes sociais, o protesto ganhou força com a hashtag #FreePalestineSP, que alcançou os trending topics do X (antigo Twitter) ainda na tarde de domingo. Influenciadores, artistas e políticos amplificaram as imagens do ato, denunciando o cenário de devastação em Gaza e cobrando do governo federal um posicionamento mais firme.

Desde o início do conflito em 2023, a população da Faixa de Gaza tem enfrentado contínuas ofensivas, restrições de circulação, bloqueios a suprimentos essenciais e cortes de energia. A densidade populacional da região, uma das maiores do mundo, tem contribuído para o elevado número de vítimas civis, especialmente entre mulheres e crianças.

Apesar das pressões internacionais, o governo de Israel segue justificando suas ações como parte de um combate ao terrorismo, mirando alvos do grupo Hamas. No entanto, especialistas em geopolítica e direitos humanos afirmam que a proporção das respostas e o alto número de civis mortos indicam uso desproporcional da força.

O protesto deste domingo em São Paulo faz parte de uma série de manifestações internacionais organizadas em apoio à causa palestina. Capitais como Londres, Paris, Nova York e Buenos Aires também registraram atos de solidariedade nos últimos dias, evidenciando a dimensão global da crise.

O apelo central do movimento é pela paz, justiça e reconhecimento dos direitos do povo palestino. “Queremos um cessar-fogo imediato, ajuda humanitária sem restrições e a retomada de negociações para a criação de um Estado Palestino soberano”, concluiu um dos organizadores.

Diante de uma crise que já ceifou milhares de vidas, a manifestação em São Paulo reafirma o papel da sociedade civil na defesa dos direitos humanos e na cobrança por um posicionamento ético e humanitário dos governos perante os horrores da guerra.