O Governo Federal apresentou as primeiras diretrizes do Programa de Mobilidade Verde (Mover), que sucede o Rota 2030, em um evento no Palácio do Planalto. O Mover, lançado em dezembro, visa estimular investimentos em pesquisa, desenvolvimento e produção tecnológica para descarbonizar a frota de veículos no Brasil.
Uma das principais medidas do programa é a exigência de investimentos mínimos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) por parte das montadoras, de acordo com a receita bruta total de vendas de produtos automotivos. Os índices mínimos variam conforme o tipo de veículo, sendo que para automóveis e comerciais leves, o percentual começa em 1% em 2024 e aumenta gradualmente até 1,8% em 2028.
O governo reservou R$ 3,5 bilhões do Orçamento deste ano para oferecer renúncias tributárias à indústria automotiva, valor que alcançará R$ 19,3 bilhões até 2028. A regulamentação do Mover estabelece também um sistema de acompanhamento dos investimentos e penalidades em caso de descumprimento das obrigações.
No entanto, a indústria automobilística enfrenta o desafio de decidir qual tecnologia impulsionará os veículos brasileiros no futuro. A disputa entre a tecnologia híbrida flex, que utiliza etanol como combustível renovável, e a elétrica, levanta questões sobre reciclagem de baterias e aumento da extração de matérias-primas.
Durante o evento de lançamento do Mover, a divisão entre as associações do setor ficou evidente, com a presença tanto da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) quanto da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Enquanto a ABVE defendeu a aposta na tecnologia elétrica, a Anfavea ressaltou a diversidade de rotas para a descarbonização, incluindo os biocombustíveis e veículos elétricos.
Nos bastidores, autoridades do governo manifestaram preferência pelos híbridos flex, que combinam eletricidade e combustão, destacando a importância de preservar os ganhos de escala dos fabricantes. A opção por essa tecnologia também está relacionada à geração de empregos, considerando que os motores elétricos exigem menos peças em comparação aos motores a combustão.
Com o lançamento do Programa Mover, o governo busca promover uma transição tecnológica na indústria automotiva brasileira, incentivando investimentos em soluções mais sustentáveis e alinhadas com as demandas globais por redução de emissões de carbono.
