Petróleo fecha em baixa em sessão volátil após ganho de cerca de 2% de ontem

Campo petrolífero: Pixabey
DA REDAÇÃO

Os contratos futuros de petróleo encerraram a sessão desta terça-feira (2) em baixa, após um dia marcado por oscilações entre ganhos e perdas. A volatilidade foi impulsionada pela realização de lucros após um avanço de cerca de 2% registrado ontem, além das declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, e a demanda sazonal nos Estados Unidos por ocasião do feriado de 4 de julho.

O contrato do WTI para agosto fechou em queda de 0,68% (US$ 0,57), cotado a US$ 82,81 o barril na New York Mercantile Exchange (Nymex), enquanto o Brent para setembro recuou 0,42% (US$ 0,36), para US$ 86,24 o barril na Intercontinental Exchange (ICE).

Dennis Kissler, do BOK Financial, explicou que a realização de lucros ocorreu após os ganhos recentes, motivados em parte pelos temores geopolíticos, como o risco de confronto entre o grupo libanês Hezbollah e Israel. Para Kissler, os fundamentos do mercado não justificam o rali recente. Ele também mencionou a postura “ainda bastante hawkish” do Fed, com Powell indicando que o banco central dos EUA ainda busca maior confiança antes de decidir cortar os juros.

Apesar da queda, os contratos de petróleo permaneceram próximos das máximas em dois meses, devido às tensões geopolíticas e ao otimismo com a demanda sazonal por combustíveis nos EUA. As tensões no Oriente Médio aumentam os temores de problemas na oferta de petróleo no Golfo Pérsico, conforme destacou Hani Abuagla, analista sênior de mercado da XTB Mena. O furacão Beryl também influenciou o mercado, ameaçando a produção de petróleo caso se dirija para o Golfo do México.

Além das tensões no Oriente Médio, o CEO da Maersk, Vincent Clerc, alertou que os próximos meses devem ser “desafiadores” para o transporte de cargas, devido aos problemas no Mar Vermelho. Desde dezembro, a Maersk e outras empresas do setor têm redirecionado embarcações para o Cabo da Boa Esperança, para evitar ataques de militantes houthis no Mar Vermelho, elevando os custos de transporte.

A sessão também foi marcada pela expectativa em torno da demanda nos Estados Unidos, onde o feriado de 4 de julho costuma aumentar o consumo de combustíveis para viagens. As declarações de Jerome Powell no Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, conhecido como Conselhão, também influenciaram o mercado. Powell reafirmou que o Fed busca maior confiança antes de decidir por cortes nos juros, o que reforça a perspectiva de uma política monetária mais restritiva no curto prazo.

A situação geopolítica continua a ser um fator determinante para o mercado de petróleo. Os recentes confrontos no Oriente Médio e a ameaça de novos conflitos afetam diretamente a percepção de risco dos investidores. A incerteza sobre a oferta de petróleo na região do Golfo Pérsico é uma constante, agravada pelos problemas logísticos e de segurança no transporte de cargas no Mar Vermelho.

Os analistas continuam atentos ao desenvolvimento do furacão Beryl, que pode impactar a produção de petróleo no Golfo do México. A temporada de furacões representa sempre uma ameaça adicional para a estabilidade do mercado, com potenciais interrupções na produção e no transporte de petróleo.

Em resumo, a sessão desta terça-feira refletiu um equilíbrio delicado entre a realização de lucros, as preocupações geopolíticas e as expectativas em relação à demanda de combustíveis nos EUA. A postura cautelosa do Fed e os desenvolvimentos climáticos adicionaram camadas de complexidade à análise do mercado de petróleo, que permanece sensível a uma variedade de fatores globais.