Tomada pela fumaça das queimadas, Manaus enfrenta qualidade do ar insalubre

Poluição: Manaus é uma das cidades do AM com a qualidade do ar comprometida pelas queimadas (Getty Images)
DA REDAÇÃO

Manaus, a capital do estado do Amazonas, enfrenta uma situação alarmante devido à qualidade do ar, que foi classificada como insalubre pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). A cidade tem sido tomada pela fumaça resultante das queimadas que atingem a região, agravando as condições de saúde para a população, especialmente para os grupos mais vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas com problemas respiratórios.

Nos últimos três dias, a capital voltou a registrar imagens que remetem a outubro de 2023, quando o estado do Amazonas contabilizou 1,6 mil focos de incêndio ativos em um único dia. A poluição gerada pelos incêndios florestais tem provocado uma piora significativa na qualidade do ar, colocando a saúde dos moradores em risco.

De acordo com a plataforma de monitoramento da qualidade do ar em tempo real da fundação IQAir, Manaus registra atualmente um Índice de Qualidade do Ar (AQI) considerado insalubre para pessoas sensíveis. O alerta laranja, que é o quarto mais grave em uma escala de seis níveis, indica impactos diretos na saúde, incluindo desconforto respiratório para crianças, idosos e pessoas com doenças pulmonares e cardíacas.

Neideana Ribeiro, nutricionista e consultora do Unicef em Manaus nas áreas de emergência, saúde e nutrição, fez um alerta especial para os cuidados com as crianças. “É melhor evitar a exposição fora de casa, ao ar livre, e esperar a melhoria da qualidade do ar para que a criança possa sair e brincar fora”, recomenda. Ela também destacou a importância de aumentar a hidratação e utilizar máscaras em momentos de maior exposição ao ar poluído. Para pessoas com problemas respiratórios, é crucial manter em casa os medicamentos necessários para alívio dos sintomas, conforme orientação médica.

A situação é agravada pelo período de estiagem e pelos baixos níveis da Bacia do Amazonas, que levaram o governo estadual a decretar situação de emergência em Manaus e em outras 22 cidades do estado. Em resposta à crise, a prática de atear fogo, seja com ou sem o uso de técnicas de queima controlada, foi proibida em diversas localidades, incluindo Apuí, Novo Aripuanã, Manicoré, Humaitá, entre outras.

Apesar dos esforços para conter a situação, a fumaça das queimadas continua a afetar drasticamente a vida dos moradores da região. A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas, vinculada à Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas (SES-AM), foi acionada para comentar a situação, mas até o momento da publicação desta matéria, não houve resposta.

A crise ambiental que Manaus enfrenta não é isolada. A Amazônia tem sido palco de inúmeras queimadas, que além de impactarem diretamente a qualidade do ar, também resultam em perdas ambientais irreparáveis. O alerta da Unicef é um sinal claro da necessidade de ações imediatas e eficazes para proteger a saúde da população e preservar o meio ambiente.

Com a saúde pública ameaçada, as autoridades locais e estaduais precisam intensificar as medidas de controle e prevenção de queimadas, além de promover campanhas de conscientização para a população sobre os riscos associados à exposição à fumaça e à poluição do ar. O desafio é grande, mas a resposta precisa ser rápida e efetiva para evitar maiores danos à saúde e ao meio ambiente na região amazônica.