Lula critica taxações de Trump em Moscou e fortalece laços energéticos com Putin

Lula critica tarifas de Trump e reforça parceria com Putin durante visita à  Rússia
DA REDAÇÃO

Durante encontro em Moscou nesta sexta-feira, 9 de maio de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas à política econômica do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, particularmente em relação à taxação unilateral de produtos de diversos países. A declaração ocorreu no Kremlin, durante jantar oferecido pelo presidente russo Vladimir Putin a líderes estrangeiros, incluindo o presidente chinês Xi Jinping. Lula destacou que tais medidas colocam em risco o conceito de livre comércio, minam o multilateralismo e afrontam a soberania das nações.

O encontro bilateral entre os presidentes do Brasil e da Rússia aconteceu em meio às comemorações do Dia da Vitória na Rússia, que celebra o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial. Durante a conversa, Lula e Putin abordaram pontos estratégicos da cooperação bilateral, incluindo propostas de colaboração tecnológica e energética. Um dos temas centrais foi a possibilidade de construção conjunta de pequenas usinas nucleares no Brasil, retomando tratativas iniciadas em 2023 com o ministro russo Sergei Lavrov.

Em sua fala, Lula afirmou que o Brasil possui múltiplos interesses na relação com a Rússia, incluindo áreas políticas, comerciais, científicas e culturais. O presidente enfatizou o desejo de estreitar laços sobretudo no campo energético. Segundo ele, o Brasil busca desenvolver tecnologia e infraestrutura para pequenas usinas nucleares, uma pauta que ganha força diante da necessidade de ampliar a matriz energética nacional e explorar com maior profundidade as reservas de urânio existentes no território brasileiro.

A cooperação já conta com um acordo prévio entre a estatal russa de energia nuclear Rosatom e autoridades brasileiras para fornecimento de urânio enriquecido destinado às usinas nucleares de Angra. O fortalecimento dessa aliança energética ocorre no mesmo momento em que os Estados Unidos endurecem barreiras comerciais, provocando reações em diversas partes do mundo.

Na avaliação de Lula, a atual postura dos EUA rompe com os princípios do livre mercado ao adotar uma agenda protecionista que, segundo ele, compromete o equilíbrio do comércio global. “As últimas decisões anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos de taxação de comércio com todos os países do mundo de forma unilateral jogam por terra a grande ideia do livre comércio”, declarou. Ele também frisou que tais medidas atingem diretamente o respeito à soberania dos países e tornam ainda mais urgente a defesa de um sistema multilateral robusto.

A participação de Lula em Moscou, além do jantar com Putin, incluiu a tradicional cerimônia de entrega de flores no túmulo do soldado desconhecido, gesto simbólico do respeito brasileiro aos marcos históricos da resistência contra o fascismo. Ainda na capital russa, o presidente brasileiro também terá agenda com o presidente da Eslováquia, Robert Fico.

Além da pauta diplomática, Lula pretende utilizar as reuniões para reforçar a posição brasileira como mediador global e defensor de uma ordem internacional mais equilibrada e cooperativa. Essa atuação busca ampliar a projeção do Brasil em fóruns multilaterais, em um momento em que as tensões geopolíticas entre potências vêm gerando incertezas nos mercados e influenciando diretamente decisões de política externa e econômica em diversas nações.

Lula também se reunirá com Xi Jinping nos próximos dias, durante visita à China, onde temas como investimentos estratégicos, mudanças climáticas e o fortalecimento dos BRICS estarão no centro das discussões. A aproximação simultânea com Rússia e China reforça a estratégia brasileira de reposicionamento internacional com ênfase em parcerias Sul-Sul e na construção de pontes diplomáticas alternativas à hegemonia ocidental.