Carros de enchente no RS são vendidos em leilão com descontos de até 60%

Foto: Rafaela Masoni/Especial
DA REDAÇÃO

Consultorias estimam que cerca de 200 mil carros foram afetados pela enchente que atingiu o Rio Grande do Sul entre abril e maio deste ano. Muitos desses veículos estão sendo vendidos em leilões com preços variando entre 45% e 60% da Tabela Fipe, oferecendo uma oportunidade única para compradores em busca de bons negócios.

Em Nova Santa Rita, na Região Metropolitana de Porto Alegre, um depósito abriga 6 mil veículos danificados, dos quais cerca de 120 foram colocados à venda no primeiro leilão de carros da enchente realizado no estado. Desse total, 111 veículos foram arrematados.

Bruno Manso de Siqueira, um dos compradores, destaca a vantagem econômica de adquirir veículos em leilões. “O carro de leilão, geralmente, ele passa um pouco dos 50% do valor do bem. Então, é um bom negócio”, afirma.

A leiloeira Liliamar Pestana Gomes coordenou o evento, que foi realizado em um auditório e transmitido via internet, permitindo a participação de interessados de todo o país. Ela explica que os veículos passam por um processo de higienização antes de serem vendidos. “Nós recebemos os veículos. Fizemos a higienização. Para alguns modelos e anos, é retirado o óleo, é feito todo um processo para ser preparado esse veículo para venda. Pela lei do leilão, os veículos são vendidos no exato estado em que eles estão”, comenta.

Após arrematar os carros, os compradores, como Bruno, realizam os reparos necessários antes de revendê-los. “Desde a forração, tem que tirar tudo fora. Tem que lavar ela. Vaporizar ela com um óleo especial para não enferrujar com o tempo. Mas eu também vou ficar um ano, dois anos e já vai também”, conta.

O impacto das enchentes também atingiu pessoas como Rodrigo da Rosa, um mecânico dono de uma oficina em Porto Alegre. Acostumado a participar de leilões, ele agora está focado na recuperação de sua oficina e dos 23 carros que haviam sido reformados antes de serem inundados. “Eu acho que vai [levar] uns quatro meses até eu arrumar todos os carros”, projeta Rodrigo.

A indústria de reparação de veículos estima que 2,4 mil oficinas foram afetadas pela enchente, e cerca de 800 delas ainda permanecem fechadas. A situação crítica resultou em um aumento significativo nos pedidos de indenização em seguros, que chegaram a R$ 3,9 bilhões.

Os leilões oferecem uma alternativa para que os proprietários de carros afetados pela enchente possam recuperar parte de seu investimento. Após acionarem o seguro, os veículos são indenizados pelas seguradoras, que então os destinam aos pregões. Esta medida tem proporcionado um alívio financeiro para muitos, além de disponibilizar veículos a preços acessíveis para novos compradores.

Os leilões, que permitem a participação de interessados de todo o país via internet, têm se mostrado uma solução eficiente para lidar com o grande volume de veículos danificados. A expectativa é que até 5 mil carros sejam vendidos dessa forma, conforme estimativa de empresas especializadas.

Com a intensificação das condições de seca no estado, que acarretaram um aumento exponencial dos focos de calor, a situação no Rio Grande do Sul tem se mostrado desafiadora. O governador Eduardo Riedel (PSDB) justificou a medida de decretar situação de emergência devido à escassez de recursos hídricos na bacia do Rio Paraguai e às severas condições de seca em três municípios sul-mato-grossenses.

Em meio a este cenário, os leilões emergem como uma oportunidade tanto para os compradores, que podem adquirir veículos a preços reduzidos, quanto para os proprietários e seguradoras, que conseguem minimizar os prejuízos causados pelas enchentes.