Joe Biden desiste da reeleição após desempenho fraco em debate

DA REDAÇÃO

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou neste domingo, 21 de julho de 2024, que não disputará a reeleição. A decisão surge após uma crise política desencadeada pelo desempenho fraco de Biden no primeiro debate televisionado em 27 de junho, onde suas respostas confusas e aparente desorientação levantaram questionamentos sobre sua capacidade de continuar na corrida eleitoral e governar o país.

Durante o debate, Biden pareceu desorientado, hesitando ao responder perguntas e frequentemente demonstrando dificuldade em saber para qual câmera olhar enquanto seu rival, Donald Trump, falava. Nos dias subsequentes ao debate, o presidente foi alvo de questionamentos públicos, feitos por aliados, doadores de campanha e editoriais na imprensa, sugerindo que ele seria incapaz de vencer Trump nas urnas e de governar o país. Biden concluiria um eventual segundo mandato com 86 anos.

A decisão de Biden de não buscar a reeleição marca um momento histórico. Esta é a primeira vez desde 1968 que um presidente em exercício opta por não disputar a reeleição. Naquele ano, o democrata Lyndon Johnson saiu da campanha em meio a fortes protestos contra a Guerra do Vietnã, após resultados ruins nas primárias.

Biden continuará como presidente dos Estados Unidos até o final de seu mandato em 20 de janeiro de 2025. Apesar de desistir da campanha, ele permanece no cargo, comprometido em cumprir suas obrigações presidenciais. Em comunicado oficial, Biden expressou sua gratidão ao povo americano e destacou os progressos feitos durante sua administração.

No comunicado, Biden enfatizou as realizações de seu governo, incluindo o fortalecimento da economia americana, investimentos históricos na infraestrutura do país, redução dos custos dos medicamentos prescritos para idosos, e expansão do atendimento de saúde acessível para um número recorde de americanos. Ele também mencionou a aprovação de leis significativas, como a primeira legislação de segurança de armas em 30 anos e a legislação climática mais importante da história.

Veja o comunicado de Joe Biden na íntegra:

Meus compatriotas americanos,

Nos últimos três anos e meio, fizemos grandes progressos como nação. Hoje, a América tem a economia mais forte do mundo. Fizemos investimentos históricos na reconstrução da nossa nação, na redução dos custos dos medicamentos prescritos para idosos e na expansão do atendimento de saúde acessível para um número recorde de americanos. Prestamos cuidados urgentemente necessários a um milhão de veteranos expostos a substâncias tóxicas. Aprovamos a primeira lei de segurança de armas em 30 anos. Nomeamos a primeira mulher afro-americana para a Suprema Corte. E aprovamos a legislação climática mais significativa da história do mundo. A América nunca esteve melhor posicionada para liderar do que hoje.

Sei que nada disso poderia ter sido feito sem vocês, o povo americano. Juntos, superamos uma pandemia de um século e a pior crise econômica desde a Grande Depressão. Protegemos e preservamos nossa democracia. E revitalizamos e fortalecemos nossas alianças ao redor do mundo.

Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E, embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me retire e concentre exclusivamente em cumprir meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato.

Falarei à nação mais tarde esta semana com mais detalhes sobre minha decisão.

Por enquanto, quero expressar minha mais profunda gratidão a todos que trabalharam tanto para me ver reeleito. Quero agradecer à vice-presidente Kamala Harris por ser uma parceira extraordinária em todo esse trabalho. E quero expressar minha sincera apreciação ao povo americano pela fé e confiança que vocês depositaram em mim.

Acredito hoje no que sempre acreditei: que não há nada que a América não possa fazer quando fazemos juntos. Só precisamos lembrar que somos os Estados Unidos da América.”

A saída de Biden da disputa abre caminho para novas dinâmicas na corrida eleitoral. O Partido Democrata agora enfrenta o desafio de encontrar um candidato forte o suficiente para enfrentar Donald Trump nas urnas. O impacto dessa decisão será profundo, não apenas dentro do partido, mas também na forma como os eleitores percebem a liderança e a direção do país.

Aliados de Biden, incluindo doadores de campanha e membros do partido, já começam a se mobilizar para definir os próximos passos. A vice-presidente Kamala Harris, que foi uma parceira ativa durante o mandato de Biden, agora se encontra em uma posição de destaque, potencialmente assumindo um papel mais central na campanha.

Enquanto isso, os republicanos, liderados por Trump, veem a desistência de Biden como uma oportunidade de consolidar seu apoio e avançar com uma campanha robusta. A saída de Biden da corrida muda o panorama político, trazendo novos desafios e oportunidades para ambos os partidos.

A decisão de Biden também ressalta a importância da saúde e vitalidade dos candidatos presidenciais. A idade avançada de Biden foi um ponto de debate constante, e sua performance no debate apenas intensificou essas preocupações. O fato de Biden concluir um eventual segundo mandato aos 86 anos foi uma preocupação significativa para muitos eleitores e analistas políticos.

Este momento marca um ponto de inflexão na história política dos Estados Unidos. A saída de um presidente em exercício da corrida à reeleição é um evento raro e significativo, que terá repercussões duradouras na política americana. A nação agora se volta para o futuro, esperando ver quem se levantará para liderar e quais serão as implicações dessa mudança dramática na liderança do país.