Israel Rejeita Pressão Internacional e Promete Continuar Ofensiva Contra o Hamas em Gaza

DA REDAÇÃO

O governo de Israel reafirmou nesta semana que não aceitará qualquer tipo de interferência externa no que considera um “conflito legítimo” contra o Hamas na Faixa de Gaza. A declaração surge em meio ao aumento da pressão internacional pela suspensão da ofensiva militar israelense, principalmente após o anúncio do Reino Unido de que suspenderá as negociações de um acordo de livre comércio com Tel Aviv devido à escalada do conflito e às mortes de civis palestinos.

Em comunicado oficial, autoridades israelenses reagiram com firmeza, alegando que a ação militar é uma resposta a anos de ataques do Hamas contra o território e a população israelense. Segundo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o país não aceitará ser coagido por decisões políticas de outras nações, mesmo que envolvam temas comerciais ou diplomáticos. “Israel é uma democracia soberana e tomará todas as medidas necessárias para garantir sua segurança e a de seus cidadãos”, declarou Netanyahu.

O rompimento parcial das negociações comerciais com o Reino Unido, tradicional aliado histórico de Israel, intensificou o debate internacional sobre o limite da solidariedade ocidental frente ao avanço da destruição em Gaza. O governo britânico, liderado pelo primeiro-ministro Rishi Sunak, justificou a medida como forma de demonstrar preocupação com o que chamou de “uso desproporcional da força” por parte de Israel, sobretudo após a destruição de áreas civis e hospitais na região controlada pelo Hamas.

De acordo com o Ministério da Defesa de Israel, a campanha militar tem como objetivo desmantelar a estrutura do grupo Hamas, classificado como organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia. O Exército de Israel afirma que muitas operações são cuidadosamente planejadas para evitar vítimas civis, mas reconhece que há riscos inevitáveis em uma guerra urbana. O número de mortos em Gaza, segundo organizações humanitárias, já ultrapassa 30 mil pessoas, a maioria civis, incluindo milhares de mulheres e crianças.

Na avaliação do governo israelense, a ofensiva continuará até que os principais líderes do Hamas sejam capturados ou eliminados, e que os túneis utilizados pelo grupo para transportar armamentos e sequestrar soldados sejam completamente destruídos. “Qualquer cessar-fogo agora seria um presente ao terror”, afirmou Yoav Gallant, ministro da Defesa de Israel.

Além do Reino Unido, outros países da União Europeia e da América Latina têm intensificado a retórica contra Israel, pedindo um cessar-fogo imediato e investigações independentes sobre possíveis crimes de guerra. Organizações como a Anistia Internacional e o Conselho de Direitos Humanos da ONU apontam para violações graves das normas internacionais de guerra, especialmente no que diz respeito à proteção de civis e infraestrutura essencial.

Mesmo sob pressão crescente, o gabinete de segurança de Israel mantém uma linha dura. Nas palavras de Eli Cohen, ministro das Relações Exteriores, “não é a primeira vez que enfrentamos isolamento diplomático. Nossa história nos ensinou que, se não formos firmes agora, pagaremos um preço mais alto no futuro.”

A posição intransigente do governo israelense também tem repercussão interna. Enquanto parte da população apoia a continuidade da campanha militar como forma de garantir segurança duradoura, cresce o número de protestos em cidades como Tel Aviv e Haifa pedindo maior moderação e ações diplomáticas. Famílias de reféns ainda sob o poder do Hamas também cobram um novo rumo na condução da crise, alegando que a escalada da violência pode colocar em risco a vida dos sequestrados.

Especialistas em geopolítica consideram que Israel está em um ponto crítico de sua campanha. A manutenção da ofensiva, apesar do desgaste internacional, pode fortalecer o Hamas do ponto de vista simbólico, ao mesmo tempo em que isola Tel Aviv em um cenário geopolítico cada vez mais fragmentado.

Enquanto isso, a reconstrução de Gaza parece cada vez mais distante. Com grande parte da região devastada por bombardeios, a ONU estima que 80% da população local esteja em situação de deslocamento forçado, vivendo em abrigos improvisados ou em busca de refúgio em áreas vizinhas como o Egito. A ajuda humanitária tem dificuldade para entrar, seja por bloqueios militares ou por falta de segurança para os comboios.

Israel, por sua vez, afirma que só permitirá um corredor humanitário robusto quando tiver garantias de que nenhum recurso será desviado para o Hamas. As negociações indiretas entre Israel, Hamas e mediadores como Catar, Egito e Estados Unidos seguem sem avanços significativos.

No atual cenário, a afirmação de que “pressão internacional não mudará o rumo da guerra” parece um sinal claro de que Tel Aviv está preparada para seguir sozinha — mesmo que o preço seja a erosão de suas alianças mais estáveis e o prolongamento de uma crise humanitária sem precedentes na história recente da região.