Incêndios florestais no Brasil afetam milhões e causam prejuízos de R$ 1,1 bilhão

DA REDAÇÃO

Os incêndios florestais no Brasil em 2024 atingiram proporções alarmantes, afetando diretamente cerca de 11,2 milhões de pessoas em todo o território nacional. Esses números, divulgados pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), revelam um cenário devastador em que as queimadas estão cada vez mais frequentes, gerando um impacto econômico que já soma R$ 1,1 bilhão. A comparação com o ano anterior destaca um aumento significativo na gravidade da situação, evidenciando a necessidade urgente de medidas de controle e prevenção.

Segundo os dados do Sistema Integrado de Informações de Desastres (S2ID), vinculado à Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC), 538 municípios brasileiros decretaram situação de emergência devido aos incêndios florestais até o mês de setembro de 2024. Esse aumento é alarmante quando comparado a 2023, quando apenas 23 cidades haviam declarado emergência por incêndios, afetando 3.800 pessoas. A gravidade da situação deste ano reflete um quadro preocupante, em que as chamas, intensificadas pela seca prolongada e pelo uso irregular do fogo, estão destruindo áreas significativas de florestas e afetando comunidades rurais e urbanas.

Os prejuízos econômicos das queimadas são igualmente significativos. Estima-se que a economia nacional tenha perdido mais de R$ 1,1 bilhão até agora, com impactos diretos na produção agrícola e no desenvolvimento de áreas rurais, afetando principalmente o setor de agronegócio. Produtos importantes como cana-de-açúcar, soja e café estão sofrendo grandes perdas, o que compromete não apenas o abastecimento interno, mas também as exportações, que são cruciais para a economia do Brasil. Em regiões como o Cerrado e a Amazônia, o uso do fogo para expandir áreas agrícolas e pecuárias continua sendo uma prática comum, agravando ainda mais a situação. As autoridades ambientais têm intensificado a fiscalização para combater essa prática ilegal, mas a extensão territorial do país e a falta de recursos tornam o controle das queimadas uma tarefa complexa.

Além dos danos econômicos, o impacto na saúde pública é evidente. A qualidade do ar em diversas regiões do Brasil piorou consideravelmente, principalmente em áreas próximas aos focos de incêndio, causando um aumento significativo nos casos de doenças respiratórias. Crianças, idosos e pessoas com problemas respiratórios são os mais vulneráveis às nuvens de fumaça que tomam os céus das cidades afetadas. As autoridades recomendam que a população evite ao máximo atividades ao ar livre e busque ambientes fechados durante os períodos de maior intensidade das queimadas.

A CNM se manifestou favorável à aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 31/2024, que visa criar o Conselho Nacional de Mudança Climática e a Autoridade Climática Nacional. Essas entidades teriam como principal função coordenar políticas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, além de gerenciar o Fundo Nacional de Mudança Climática, que receberia 3% da arrecadação de impostos como o Imposto de Renda e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). O objetivo é destinar esses recursos para ações de prevenção e combate às queimadas e outras consequências das mudanças climáticas.

A crise das queimadas no Brasil em 2024 se insere em um contexto mais amplo de mudanças climáticas globais, com eventos climáticos extremos se tornando cada vez mais frequentes. Segundo especialistas, como o climatologista Carlos Nobre, a agroindústria brasileira, uma das principais responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa, tem uma grande parcela de responsabilidade na intensificação das queimadas. Nobre destaca que o setor agrícola precisa rever suas práticas para reduzir as emissões e evitar que esses desastres se tornem mais frequentes e devastadores.

Os incêndios florestais não afetam apenas o Brasil, mas também têm repercussões internacionais. As emissões de dióxido de carbono (CO2) decorrentes das queimadas contribuem para o aumento global dos gases de efeito estufa, acelerando o aquecimento global. O Brasil, como um dos maiores emissores do mundo, precisa urgentemente adotar políticas mais rigorosas para reduzir o desmatamento e as queimadas, alinhando-se aos compromissos climáticos globais.

Em 2024, o cenário das queimadas no Brasil evidencia a urgência de ações concretas e eficazes para combater o problema. Além de medidas emergenciais, como a aprovação da PEC 31/2024, é necessário fortalecer as políticas de preservação ambiental e recuperação de áreas degradadas. O investimento em tecnologia de monitoramento e a formação de brigadas especializadas em incêndios são essenciais para prevenir desastres de grandes proporções no futuro.

Enquanto o país luta para controlar as queimadas e minimizar seus impactos, a necessidade de conscientização e ação coordenada entre governo, sociedade civil e setor privado se torna cada vez mais evidente. As queimadas não são apenas um problema ambiental, mas também uma questão de saúde pública, economia e sustentabilidade a longo prazo.