Incêndios disparam em São Paulo e no Brasil, com suspeita de ação criminosa

Em Ribeirão Preto, o fogo chegou a poucos metros de um condominio de casas de luxo e moradores tiveram que deixar seus lares (AFP)
DA REDAÇÃO

O estado de São Paulo registrou um número recorde de focos de incêndio em agosto de 2024, com 3.480 pontos, marcando o pior mês desde que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) começou a monitorar os dados em 1998. A situação se agrava em meio a uma crise ambiental que afeta também outras regiões do Brasil, como o Pantanal, o Cerrado e a Amazônia. As autoridades consideram o cenário “atípico” e suspeitam que grande parte das queimadas seja resultado de ações criminosas.

De acordo com o Inpe, o número total de focos de incêndio registrados nos primeiros oito meses de 2024 chegou a 104.928, o maior desde 2010 e 75% superior ao mesmo período do ano passado. Este aumento expressivo coloca 48 municípios paulistas em alerta máximo, com mais de 800 pessoas evacuadas de suas casas e a suspensão das aulas na rede municipal.

Reação do governo e investigações

Diante da gravidade da situação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, se reuniram com funcionários do Ibama em Brasília para discutir medidas de combate às queimadas. A Polícia Federal (PF) já iniciou 31 inquéritos para investigar possíveis ações criminosas na Amazônia, Pantanal e São Paulo, com foco em incêndios que afetaram áreas de interesse da União, como aeroportos.

Marina Silva destacou a gravidade do problema, comparando-o ao “Dia do Fogo”, ocorrido em 2019 no Pará. Segundo a ministra, há fortes indícios de uma organização criminosa coordenando os incêndios, especialmente devido à sincronia dos focos de fogo em diferentes regiões.

Impactos e desafios

O impacto das queimadas já é visível nos céus de Brasília e Goiânia, que amanheceram cobertas de fumaça, reduzindo a visibilidade. A situação é agravada pelas condições climáticas desfavoráveis, como a baixa umidade do ar. Além disso, mesmo com a redução no desmatamento, há um acúmulo de áreas desmatadas nos últimos anos que frequentemente são incendiadas para manutenção, o que contribui para a propagação das chamas.

Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama, solicitou uma investigação mais detalhada da PF sobre as ações criminosas, especialmente em São Paulo, onde os focos de incêndio ocorreram quase simultaneamente. Agostinho ressaltou a mobilização de mais de 2 mil brigadistas em todo o país para combater as queimadas, mas destacou que a crise é uma das mais graves já enfrentadas, afetando inclusive a recuperação de rios amazônicos, como o Madeira e o Tapajós, que ainda sofrem com os efeitos da seca do ano passado.

Prisões e ações de combate

Nos últimos dias, três homens foram presos por suspeita de incêndios intencionais em São Paulo e Goiás. As prisões, realizadas em São José do Rio Preto, Batatais e Piranhas, são parte das ações das polícias locais para combater o aumento das queimadas. Em todos os casos, os suspeitos foram flagrados ateando fogo em terrenos ou áreas de pastagem, e um deles foi encontrado com gasolina no momento da prisão.

A Polícia Federal, em coordenação com outras forças de segurança, continua investigando a origem dos focos de incêndio, buscando identificar e punir os responsáveis pelos atos criminosos que estão colocando em risco vidas humanas, propriedades e o meio ambiente.