ONS alerta para necessidade de acionar termoelétricas devido à falta de chuvas

 (Ueslei Marcelino/Reuters)
DA REDAÇÃO

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou ao governo federal a necessidade de adotar medidas operacionais e preventivas adicionais para atender a demanda de energia elétrica nos próximos meses, especialmente durante os horários de pico. A recomendação vem em resposta ao baixo volume de chuvas registrado nos últimos meses, que impacta diretamente a capacidade de geração de energia hidrelétrica, principal fonte do país.

Entre as medidas sugeridas pelo ONS está o acionamento antecipado de usinas termoelétricas movidas a gás, uma estratégia que visa maximizar a potência disponível durante o final do período seco. Além disso, o operador defende o adiamento de manutenções em usinas hidrelétricas para garantir maior disponibilidade de energia durante os meses críticos de outubro e novembro.

Essas recomendações foram apresentadas ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) em reunião realizada no início de agosto. O comitê tem acompanhado de perto a situação dos reservatórios e o impacto do clima seco sobre a geração de energia. De acordo com o ONS, o volume de água disponível para a geração hidrelétrica está abaixo da Média de Longo Termo (MLT), um indicador que leva em conta um histórico de 94 anos de dados.

Regiões mais afetadas e demanda crescente

A preocupação do ONS se concentra principalmente na região Norte, onde a disponibilidade de recursos hídricos tem sido menor do que o esperado. Além disso, o operador destacou o aumento do consumo de energia durante os períodos de maior carga, que tendem a ocorrer nos meses de outubro e novembro. Esses meses são historicamente críticos para o sistema elétrico nacional, uma vez que marcam a transição do período seco para o início das chuvas.

Apesar dessas preocupações, o ONS enfatiza que, no momento, não há problemas com o fornecimento de energia. O Sistema Interligado Nacional (SIN) ainda possui recursos suficientes para atender a demanda, e as medidas sugeridas são de caráter preventivo, destinadas a garantir que não haja risco de desabastecimento, mesmo em cenários adversos.

Mudanças nas tarifas de energia

Outro ponto importante mencionado pelo ONS é a mudança nas bandeiras tarifárias, que refletem o custo da geração de energia elétrica e impactam diretamente a conta de luz dos consumidores. Em julho, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aplicou a bandeira amarela pela primeira vez em 26 meses, resultando em um custo adicional de R$ 1,88 por cada 100 kWh consumidos.

Essa mudança na bandeira tarifária indicou um período de maior custo para a geração de energia, devido às condições hidrológicas desfavoráveis. No entanto, com o retorno de condições mais favoráveis para a geração de energia em agosto, a Aneel voltou a aplicar a bandeira verde, o que significa que não há custo adicional nas contas de energia neste mês.

Impactos das medidas preventivas

As medidas propostas pelo ONS, especialmente o acionamento das termoelétricas, visam garantir que o sistema elétrico nacional continue funcionando de maneira estável, mesmo em cenários de escassez de recursos hídricos. As termoelétricas, embora sejam uma alternativa confiável, representam um custo mais elevado para a geração de energia, o que pode refletir em aumentos tarifários futuros, caso essas usinas precisem ser acionadas por períodos prolongados.

O uso dessas usinas é frequentemente visto como um recurso de segurança, a ser utilizado em momentos de necessidade para evitar o racionamento ou interrupções no fornecimento de energia. No entanto, o impacto ambiental dessas usinas também é uma preocupação, já que a geração de energia termoelétrica é associada a maiores emissões de gases de efeito estufa, comparada à energia hidrelétrica.

Perspectivas para o futuro

A situação atual coloca em evidência a importância de diversificar as fontes de geração de energia no Brasil, a fim de reduzir a dependência das hidrelétricas, que são altamente vulneráveis às variações climáticas. O país já possui um potencial significativo para a geração de energia solar e eólica, e a expansão dessas fontes pode ser crucial para garantir a segurança energética a longo prazo.

Além disso, a implementação de programas de eficiência energética e a promoção de tecnologias de armazenamento de energia podem ajudar a mitigar os impactos de períodos de seca severa, reduzindo a necessidade de acionar usinas termoelétricas e contribuindo para a sustentabilidade do sistema elétrico.