Eleições na CBF: o que está em jogo no futuro do futebol brasileiro

DA REDAÇÃO

As próximas eleições na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), marcadas para os próximos meses, prometem ser decisivas não apenas para a administração da entidade, mas para todo o futuro do futebol nacional. Em meio a disputas internas, escândalos recentes e o desafio de reerguer a Seleção Brasileira rumo à Copa do Mundo de 2026, o novo presidente eleito terá em mãos uma missão complexa e de alta visibilidade.

A data oficial do pleito ainda não foi divulgada, mas os bastidores da eleição já estão aquecidos. A disputa pelo cargo mais alto do futebol brasileiro movimenta federações estaduais, clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro e grupos políticos que buscam ampliar sua influência sobre o esporte mais popular do país.

Um dos maiores desafios do futuro presidente será recuperar a credibilidade institucional da CBF. Nos últimos anos, a entidade tem sido alvo de denúncias, afastamentos e instabilidade na presidência — com episódios envolvendo acusações de assédio, corrupção e ingerência política. A sucessão tem sido marcada por disputas judiciais e fragilidade na governança, o que compromete a imagem da instituição no cenário nacional e internacional.

Além da urgente reestruturação interna, o novo mandatário da CBF terá sob sua responsabilidade a preparação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 2026, que será realizada nos Estados Unidos, Canadá e México. Após a frustração na campanha do Mundial de 2022 e a saída de técnicos, a equipe nacional passa por uma fase de reformulação. O novo dirigente precisará consolidar um projeto técnico robusto, com planejamento de longo prazo e atenção especial às categorias de base.

Outro ponto crítico será o relacionamento com os clubes. A CBF tem enfrentado críticas por sua postura diante do calendário apertado, pela ausência de diálogo efetivo e pela condução de questões como arbitragem, direitos de transmissão e contratos comerciais. Muitos dirigentes defendem uma reconfiguração da relação entre a entidade e as agremiações, com mais transparência e participação nas decisões.

Também está em jogo o modelo de gestão do futebol nacional. Com o avanço das ligas independentes e a tentativa de clubes em assumir maior controle sobre os campeonatos e receitas, o futuro presidente da CBF terá que dialogar com um ambiente em transformação. O fortalecimento da Liga Forte Futebol (LFF) e da Libra, que disputam a centralização da organização do Campeonato Brasileiro, coloca em xeque o modelo tradicional conduzido pela CBF.

A eleição deve ter ao menos dois candidatos competitivos, representando blocos distintos de interesses. De um lado, figuras ligadas ao atual grupo dirigente da confederação, que buscam manter o status quo. De outro, possíveis nomes apoiados por clubes e federações que reivindicam mudanças na governança e maior democratização das decisões.

Outro tema importante será a atuação da CBF junto a organismos internacionais como a FIFA e a Conmebol. O novo presidente terá de garantir representação ativa do Brasil nos fóruns globais e defender os interesses do futebol nacional em debates que envolvem regulamentação, arbitragem, direitos televisivos e novas competições.

O contexto político também deve influenciar o pleito. A proximidade de alguns dirigentes com figuras do governo federal e do Congresso Nacional pode tanto facilitar articulações quanto gerar pressões externas indesejadas. O ideal seria que o processo ocorra de forma transparente, com propostas claras e foco na melhoria do esporte.

O futebol brasileiro continua sendo uma das maiores potências esportivas do planeta. No entanto, para manter sua relevância, precisa de uma administração eficiente, moderna e conectada com os desafios atuais do esporte global. As eleições na CBF, por isso, não se limitam à escolha de um nome, mas significam a definição de um rumo para o futuro do futebol no país.

A sociedade brasileira, os torcedores e os profissionais envolvidos na cadeia esportiva acompanham com expectativa este processo. Afinal, mais do que paixão nacional, o futebol é também parte da identidade cultural e econômica do Brasil — e sua condução institucional precisa refletir essa responsabilidade.