Kamala Harris anuncia candidatura à Presidência com apoio de Biden

Kamala Harris, vice-presidente dos EUA (Angela Weiss/AFP)
DA REDAÇÃO

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, confirmou neste domingo que está concorrendo à presidência do país. A decisão ocorre após o presidente Joe Biden desistir da reeleição na tarde de domingo, 21, após semanas de especulação e apelos públicos para que ele abandonasse a corrida eleitoral. Biden, ao anunciar sua retirada, endossou seu apoio a Kamala Harris, destacando a importância de uma transição harmoniosa dentro do Partido Democrata.

Kamala Harris expressou sua honra em ter o apoio do presidente Biden e afirmou sua determinação em conquistar e vencer a nomeação. Em seu discurso, ela disse: “Temos 107 dias até o dia da eleição. Juntos, lutaremos. E juntos, venceremos”. Harris destacou a atitude “altruísta” e “patriótica” de Biden, afirmando que ele está colocando o povo americano e o país acima de tudo. “O Presidente Biden está fazendo o que ele sempre fez ao longo de sua vida de serviço: colocando o povo americano e nosso país acima de tudo”, acrescentou.

Harris elogiou Biden por suas conquistas no cargo, afirmando que seu legado de realizações é incomparável na história moderna dos Estados Unidos. Ela ressaltou as principais conquistas da administração Biden, incluindo investimentos históricos na infraestrutura do país, redução dos custos dos medicamentos prescritos para idosos, expansão do atendimento de saúde acessível, cuidados aos veteranos expostos a substâncias tóxicas, a aprovação da primeira lei de segurança de armas em 30 anos, a nomeação da primeira mulher afro-americana para a Suprema Corte e a aprovação da legislação climática mais significativa da história do mundo.

O apoio a Kamala Harris cresceu rapidamente, com grandes nomes da política americana se posicionando a seu favor. Entre eles, o ex-presidente Bill Clinton e sua esposa, Hillary Clinton, endossaram a candidatura da vice-presidente menos de duas horas após Joe Biden anunciar sua desistência. “Nos juntamos a milhões de americanos em agradecer ao presidente Biden por tudo que ele conquistou, se levantando pela América muitas vezes, com sua direção sendo sempre o que é melhor para o país”, disse o casal em nota.

Doadores democratas também estão buscando informações para apoiar a campanha de Kamala Harris. O presidente da Convenção Nacional Democrata, Jaime Harrison, afirmou que, embora o processo seja sem precedentes, o partido realizará um processo transparente e ordenado para avançar como um Partido Democrata unido, com um candidato que possa derrotar Donald Trump em novembro. Harrison explicou que, nos próximos dias, o Partido realizará um processo governado pelas regras e procedimentos estabelecidos, e os delegados estão preparados para levar a sério sua responsabilidade de apresentar rapidamente um candidato ao povo americano.

Na tarde deste domingo, Biden publicou uma carta em seu perfil no X, antigo Twitter, onde afirmou que desistiu de concorrer à reeleição. “Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E, embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me retire e concentre exclusivamente em cumprir meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato”, disse Biden na carta postada às 13h46 no horário de Washington (14h46 no horário de Brasília).

Apesar de desistir da reeleição, Biden permanece no cargo de presidente dos Estados Unidos até 20 de janeiro de 2025. A decisão de Biden ocorre após forte pressão de doadores, companheiros de partido, imprensa e até de astros de Hollywood. Cerca de 30 deputados e senadores democratas pediram que o presidente Biden encerrasse sua campanha. A saúde e a capacidade cognitiva de Biden foram questionadas, principalmente após um desempenho desastroso no primeiro debate na TV, em 27 de junho, contra Trump. Líderes democratas entenderam que Biden não teria capacidade de impedir que o ex-presidente republicano retomasse o poder.

O presidente americano defendeu que Kamala Harris, sua vice-presidente, assuma a candidatura democrata. O apoio de Biden ao nome de Kamala não garante que ela será a candidata democrata, mas Harris é vista como uma forte candidata para enfrentar Donald Trump nas eleições presidenciais. Entre outros possíveis candidatos que podem substituir Biden na disputa estão o governador da Califórnia, Gavin Newsom, e a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer.

A campanha presidencial de Biden-Harris arrecadou US$ 90 milhões (quase R$ 500 milhões na cotação atual). Se Kamala Harris for indicada como a substituta, sua nova chapa enfrentará poucas interrupções financeiras. Harris terá acesso imediato ao fundo disponível. O ex-presidente Donald Trump e os republicanos atingiram US$ 116 milhões em fundos, segundo a Reuters. Caso Harris não seja anunciada como candidata, os US$ 90 milhões arrecadados poderão ser devolvidos aos doadores ou transferidos para um super PAC federal que poderá investir o dinheiro em publicidade para a nova chapa democrata.

O processo de substituição de Biden ainda não está claro e poderá levar o Partido Democrata a uma situação atípica. Segundo as regras do Comitê Nacional Democrata (DNC), responsável pela organização da convenção, uma reunião de emergência deve ser convocada para estabelecer o processo de substituição. O DNC pode decidir realizar uma convenção especial para nomear um novo candidato à presidência ou nomear diretamente a pessoa após consultar os líderes democratas.

Essa será a primeira vez em anos que o candidato democrata será decidido em uma convenção em vez das primárias. Nas primárias do partido, a chapa Biden-Kamala enfrentou uma oposição mínima e garantiu mais de 90% dos delegados que participarão da Convenção Democrata. Com a saída de Biden, os delegados precisam encontrar um substituto. O nome que vai disputar as eleições no lugar de Biden será definido pelo Partido Democrata e o processo de substituição não está claro.

A decisão sobre a nova candidatura deverá ser definida até a Convenção Nacional Democrata, marcada para os dias 19 a 22 de agosto, em Chicago.