China Retalia EUA com Novas Tarifas, Investigação Antitruste contra Google e Controle sobre Minerais Críticos

DA REDAÇÃO

Em uma clara retaliação às novas tarifas impostas pelos Estados Unidos, o governo chinês anunciou, nesta terça-feira, 4 de fevereiro de 2025, uma série de medidas econômicas que incluem tarifas adicionais sobre produtos americanos e a abertura de uma investigação antitruste contra o Google. Estas ações fazem parte de uma escalada da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, que já enfrentam tensões crescentes em áreas estratégicas, como tecnologia e comércio de minerais essenciais.

Novas Tarifas e Impacto no Comércio Global

Entre as sanções econômicas, a China estabeleceu tarifas de 15% sobre carvão e gás natural liquefeito (GNL), e 10% sobre petróleo bruto, máquinas agrícolas e carros com motores de grande porte importados dos EUA. Essas tarifas entram em vigor na próxima segunda-feira e são uma resposta direta às medidas adotadas pelos EUA, que, segundo o governo chinês, violam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).

A medida aumenta ainda mais a complexidade das relações comerciais entre os dois países, que já estavam tensas devido à disputa por mercados tecnológicos e a competição por minerais raros essenciais. Embora os EUA sejam o maior exportador mundial de GNL, a China não é um dos maiores compradores deste recurso, com as exportações americanas de gás natural para o país representando uma pequena fração do total. Em 2023, por exemplo, os EUA exportaram apenas 173,2 bilhões de pés cúbicos de GNL para a China, o que correspondeu a 2,3% das exportações totais de gás natural do país.

Especialistas alertam que essas novas tarifas podem afetar ainda mais o comércio global, além de potencialmente agravar a desaceleração econômica já observada em várias economias devido às tensões comerciais entre as duas potências.

Investigação Antitruste contra o Google

Além das tarifas, a Administração Estatal de Regulação do Mercado da China abriu uma investigação antitruste contra o Google, acusando a gigante da tecnologia de práticas anticoncorrenciais. Embora o Google tenha se retirado oficialmente do mercado chinês em 2010 devido a restrições de censura impostas pelo governo, essa ação parece indicar que Pequim está intensificando suas medidas contra empresas ocidentais que operam no país. A investigação é vista como parte de uma estratégia mais ampla de controle sobre empresas de tecnologia estrangeiras, que estão cada vez mais sendo pressionadas por reguladores chineses.

O Google, por sua vez, não se manifestou imediatamente sobre o inquérito. A gigante de Mountain View, que já enfrentou restrições significativas na China, enfrenta agora uma pressão ainda maior em seu relacionamento com o país, com a investigação funcionando como um sinal de que Pequim está disposta a intensificar as suas ações contra o setor privado americano.

Restrição a Minerais Essenciais para a Indústria Tecnológica

Além de intensificar as tarifas e investigar o Google, a China também anunciou novas restrições à exportação de minerais críticos essenciais para a indústria tecnológica, como tungstênio, telúrio, bismuto, molibdênio e índio. Estes minerais são essenciais para a produção de semicondutores e outros componentes utilizados em setores como eletrônicos, telecomunicações e defesa, e a medida pode ter um impacto significativo na capacidade dos EUA de manter sua liderança tecnológica.

Essas novas restrições são parte de um movimento contínuo por parte de Pequim para controlar a cadeia de fornecimento global desses recursos, e se somam a medidas anteriores para restringir a venda de gálio e germânio, outros metais essenciais na fabricação de chips e outros dispositivos eletrônicos.

O Impacto na Economia Global e as Perspectivas Futuras

A escalada da guerra comercial entre os EUA e a China levanta preocupações sobre os impactos econômicos globais. Philip Luck, ex-funcionário do Departamento de Estado dos EUA, destacou que “a China tem um regime de controle de exportações muito mais avançado”, o que pode gerar dificuldades significativas para a economia americana, especialmente devido à dependência dos EUA de minerais essenciais provenientes da China.

Ao mesmo tempo, as ações da China não se limitam apenas à retaliação econômica. Elas indicam também uma tentativa de Pequim de reafirmar sua posição dominante no mercado global de tecnologia e recursos naturais essenciais, desafiando a liderança dos EUA em áreas chave como inteligência artificial, semicondutores e telecomunicações.

Uma Guerra Comercial Cada Vez Mais Complexa

O presidente dos EUA, Donald Trump, está buscando uma saída diplomática para essa crescente crise comercial. Em um movimento estratégico, ele planeja se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping, nos próximos dias, para discutir a situação e buscar uma solução que possa aliviar as tensões. Contudo, com os dois países cada vez mais imersos em uma disputa estratégica em múltiplas frentes, os desafios para resolver o impasse continuam se ampliando.

A disputa sobre tarifas, práticas antitruste e controle de recursos essenciais apenas reflete a intensidade da competição entre as duas maiores economias do mundo. Se a guerra comercial se intensificar ainda mais, o impacto no comércio global pode ser devastador, afetando não apenas os dois países envolvidos, mas também economias ao redor do mundo que dependem de um sistema comercial internacional estável.

Em um cenário de crescente rivalidade, resta saber como os dois gigantes econômicos irão administrar suas tensões, e como as empresas e investidores ao redor do mundo reagirão a esse novo capítulo da guerra comercial entre os EUA e a China.