Chile, Brasil e Uruguai lideram uso de IA na América Latina, mas enfrentam desafios de retenção de talentos

DA REDAÇÃO

O Chile, Brasil e Uruguai estão na vanguarda da aplicação de inteligência artificial (IA) na América Latina, liderando a região no uso desta tecnologia. Contudo, apesar de seu protagonismo, esses países ainda enfrentam barreiras, especialmente na retenção de talentos especializados, um desafio que compromete o desenvolvimento tecnológico mais robusto. É o que revela o mais recente relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), apresentado em 24 de setembro de 2024, em Santiago, Chile.

Segundo o Índice Latino-Americano de Inteligência Artificial (Ilia), que avalia a adoção e aplicação de IA em 19 países, o Chile permanece pelo segundo ano consecutivo no topo do ranking, seguido pelo Brasil e Uruguai. A liderança chilena é atribuída ao avanço da pesquisa, inovação, infraestrutura e desenvolvimento de talentos, colocando o país como referência na região.

O avanço da IA no Chile, Brasil e Uruguai

No levantamento realizado pelo Centro Nacional de Inteligência Artificial do Chile (Cenia), com apoio da Cepal, União Europeia, empresas privadas e universidades, o Chile atingiu 73,07 pontos em uma escala de 100, enquanto o Brasil alcançou 69,3 e o Uruguai 64,98. Esses países se destacam pela infraestrutura tecnológica, produtividade científica e capacidade de inovação.

No Chile, o avanço da IA é mais visível nas áreas de pesquisa e desenvolvimento, bem como na aplicação prática da tecnologia em setores como saúde, energia e educação. O Brasil, por sua vez, tem explorado amplamente a IA em áreas de segurança pública, agricultura e indústria, enquanto o Uruguai tem se consolidado como um centro regional para a inovação em IA, com foco em startups e no setor financeiro.

Esses avanços colocam os três países como referência regional, mas não sem desafios. Embora tenham demonstrado significativo progresso em diversos aspectos da tecnologia, há um longo caminho a percorrer para alcançar o desenvolvimento observado em regiões mais avançadas, como Estados Unidos e Europa.

Desafios na retenção de talentos

Um dos principais obstáculos apontados pelo relatório é a dificuldade de reter talentos especializados em IA. Apesar dos avanços na formação e capacitação de profissionais, muitos acabam deixando a América Latina em busca de melhores oportunidades e condições de trabalho no exterior, resultando na chamada “fuga de cérebros”. Esse fenômeno limita o potencial da região de continuar inovando e crescendo no campo da IA.

Rodrigo Durán, diretor executivo da Cenia, enfatizou a necessidade de agir com mais urgência na implementação de IA em diversas áreas. “Há muita vontade e interesse pela tecnologia, mas falta um senso de urgência”, afirmou. Ele destacou que a América Latina precisa investir mais em políticas que favoreçam a permanência de talentos especializados na região, além de criar um ambiente mais favorável ao desenvolvimento tecnológico.

O Brasil, em particular, tem enfrentado esse desafio com a saída de profissionais altamente qualificados para centros de inovação globais, como Estados Unidos e Europa. A falta de incentivos robustos para pesquisa e desenvolvimento, combinada com as dificuldades econômicas, agrava o problema.

A importância do desenvolvimento de IA para a região

O avanço da IA representa uma oportunidade única para os países da América Latina fortalecerem suas economias e se posicionarem melhor no cenário global. A aplicação dessa tecnologia pode transformar setores como saúde, agricultura, segurança e educação, melhorando a eficiência e a competitividade das nações. No entanto, sem uma força de trabalho qualificada e motivada, o desenvolvimento de IA pode ficar aquém do esperado.

No caso do Chile, a implementação de IA tem sido uma das prioridades nacionais, com o governo promovendo iniciativas para integrar a tecnologia em várias esferas públicas e privadas. O país tem apostado em parcerias com o setor privado e acadêmico para fomentar a inovação e manter seu lugar como líder regional.

No Brasil, o setor agrícola tem sido um dos grandes beneficiários da IA, com tecnologias avançadas sendo utilizadas para monitoramento e aumento da produtividade. Além disso, o país tem explorado a aplicação da IA em segurança pública, desenvolvendo sistemas de monitoramento e análise de dados para combater o crime de forma mais eficaz.

Já o Uruguai tem se destacado na criação de startups focadas em IA, além de ser um dos principais centros financeiros da região que adotam tecnologias de inteligência artificial para otimizar processos e melhorar a experiência do consumidor.