Brasil e Chile fortalecem laços no agronegócio com novos acordos de cooperação

(Mapa)
DA REDAÇÃO

Em um movimento estratégico para fortalecer os laços entre Brasil e Chile, os dois países anunciaram novos acordos que prometem intensificar a cooperação no setor agropecuário e ampliar as oportunidades de negócios bilaterais. Nesta segunda-feira, 5 de agosto, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) do Brasil e o Ministério da Agricultura do Chile (Minagri) formalizaram um conjunto de iniciativas voltadas para o desenvolvimento de sistemas agropecuários em áreas de interesse comum.

Um dos principais pontos do acordo é o interesse do Chile em adotar o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) e o Plano Agricultura de Baixo Carbono (ABC+), ambos programas implementados com sucesso no Brasil. O Zarc, introduzido em 1996, é um sistema que visa delimitar os municípios e épocas ideais de plantio, levando em consideração os riscos agroclimáticos. Já o Plano ABC+ é uma estratégia que se alinha às diretrizes da Política Nacional sobre Mudança do Clima e aos compromissos internacionais assumidos na COP-15, visando reduzir as emissões de carbono na agricultura.

O ministro da Agricultura brasileiro, Carlos Fávaro, destacou a importância dessas parcerias ao afirmar que “a boa relação brasileira com o mundo significa mais oportunidades. Cada dia mais estamos ganhando espaços e oportunidades.” As palavras de Fávaro refletem o potencial que essas colaborações têm para impulsionar a agropecuária de ambos os países, promovendo inovações e tecnologias que podem ser compartilhadas e aplicadas de forma benéfica para as duas nações.

Além do fortalecimento na área agropecuária, Brasil e Chile também assinaram um Memorando de Entendimento para a certificação eletrônica de vinhos e bebidas alcoólicas. Este acordo tem como objetivo melhorar a eficiência na troca de certificados oficiais entre os dois países, permitindo uma transmissão contínua e digital dos documentos necessários para o comércio dessas bebidas. O Brasil espera que essa adoção tecnológica agilize o fluxo de vinhos chilenos para o mercado brasileiro, eliminando a necessidade de certificados físicos de análise e origem.

O Chile, que é o quarto maior exportador global de vinhos, com mais de 8 milhões de litros exportados anualmente, vê na parceria com o Brasil uma oportunidade para expandir ainda mais sua presença no mercado brasileiro. A digitalização dos processos de certificação é vista como um passo importante para simplificar as operações comerciais e reduzir custos, beneficiando tanto os produtores chilenos quanto os importadores brasileiros.

Outro destaque dos acordos é o aditivo ao memorando de entendimento existente sobre o reconhecimento mútuo da Certificação Orgânica. Este aditivo visa alinhar as normas de produção orgânica entre Brasil e Chile, facilitando o comércio bilateral e incentivando a participação de pequenos e médios produtores no mercado de exportação. Essa iniciativa é especialmente relevante em um momento em que a demanda por produtos orgânicos tem crescido globalmente, oferecendo novas oportunidades para os produtores que atendem a esses critérios de produção sustentável.

A importância desses acordos vai além do setor agrícola, refletindo uma ampliação do diálogo e da cooperação entre os dois países em diversas áreas. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, se encontrou com o presidente chileno, Gabriel Boric, além dos chefes da Suprema Corte e do Congresso do Chile. Durante a visita, que estava originalmente marcada para dois meses atrás, mas foi adiada devido às enchentes no Rio Grande do Sul, foram assinados 17 acordos e tratativas sobre diversos temas.

Um dos eventos mais aguardados durante a visita presidencial foi o Foro Empresarial Chile e Brasil, realizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) em Santiago. Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, revelou que são esperados anúncios de investimentos de R$ 82 bilhões por empresas brasileiras e chilenas nos dois países. Desse total, R$ 50 bilhões devem ser aportados apenas no Brasil.

Entre os investimentos mais esperados está a compra de nove aeronaves da Embraer pela Latam, um dos principais players da aviação na América Latina. Este movimento reflete o fortalecimento da cooperação industrial e econômica entre os dois países, abrindo novas oportunidades para o crescimento e desenvolvimento mútuo.

A visita de Lula ao Chile, acompanhada por uma comitiva interministerial, reforça o compromisso dos dois países em ampliar a parceria bilateral em diversas frentes, com especial ênfase no agronegócio. Com a assinatura desses novos acordos, Brasil e Chile demonstram uma intenção clara de aprofundar a colaboração em áreas estratégicas, aproveitando as sinergias existentes e explorando novas oportunidades de crescimento conjunto.