
Bolsonaro permanece na UTI uma semana após cirurgia intestinal e segue em recuperação com quadro estável
O ex-presidente Jair Bolsonaro completou neste domingo (20/4) uma semana internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital DF Star, em Brasília, após ter passado por uma cirurgia de alta complexidade no intestino. Segundo boletim médico divulgado neste domingo, ele apresenta “pressão controlada”, boa evolução clínica e continua sob cuidados intensivos, ainda sem previsão de alta.
A operação, realizada no último dia 13 de abril, teve duração de 12 horas e foi necessária para tratar uma suboclusão intestinal causada por aderências — uma complicação recorrente de cirurgias anteriores, especialmente aquelas realizadas após o atentado à faca sofrido durante a campanha eleitoral de 2018.
Episódio de instabilidade na pressão arterial
No sábado (19/4), o hospital relatou um “episódio de alteração da pressão arterial”, que foi prontamente normalizado pela equipe médica. Desde então, Bolsonaro está com os sinais vitais estabilizados, mas continua em jejum absoluto, alimentando-se exclusivamente por nutrição parenteral (via intravenosa), além de receber sessões intensivas de fisioterapia motora.
O boletim destacou que ele “segue sem intercorrências clínicas significativas, sem dor, sem sangramentos e com boa resposta aos protocolos de reabilitação”.
Publicações nas redes sociais mostram cicatriz e rotina de recuperação
Neste domingo, Bolsonaro compartilhou em suas redes sociais uma foto na qual aparece sem as bandagens no tórax, evidenciando a cicatriz cirúrgica. Na legenda da publicação, explicou que os curativos foram retirados para limpeza e avaliação da região operada, além da presença de um dreno posicionado na lateral esquerda do abdômen.
“Hoje pela manhã retiraram o curativo na área dos pontos centrais para limpeza e averiguação da situação, além de dreno na lateral esquerda de meu abdômen”, escreveu. Ele também mencionou o início de sessões de fisioterapia mais intensas para acelerar a recuperação.
Imagens recentes mostram Bolsonaro caminhando pelo hospital
Durante a semana, vídeos divulgados mostraram o ex-presidente caminhando com a ajuda de um andador, acompanhado por profissionais de saúde. Em uma dessas aparições, ele surge ao lado da esposa, Michelle Bolsonaro, em uma das rotinas de fisioterapia monitoradas pela equipe médica.
Apesar das limitações físicas, Bolsonaro demonstra disposição em colaborar com o processo de reabilitação. O quadro clínico, segundo os médicos, continua estável e não foram observadas complicações pós-operatórias significativas.
Uma das cirurgias mais complexas desde o atentado
A equipe responsável afirmou que esta foi uma das intervenções cirúrgicas mais complexas enfrentadas por Bolsonaro desde o atentado de 2018, somando-se a outras seis intervenções anteriores no abdômen. De acordo com o cardiologista Leandro Echenique, membro da equipe médica, o procedimento demandou precisão e cautela para remover as aderências no intestino delgado e reconstruir a parede abdominal.
A cirurgia foi motivada por sintomas relacionados a uma obstrução parcial, que dificultava o trânsito intestinal. O tempo prolongado de internação na UTI, segundo os especialistas, está dentro da normalidade esperada para casos dessa complexidade.
Repercussão política e ausência de visitas
Por orientação médica, Bolsonaro permanece sem receber visitas externas, restringindo o contato a familiares mais próximos. Lideranças do Partido Liberal (PL), ao qual é filiado, têm se manifestado por meio das redes sociais com mensagens de apoio e votos de recuperação, mas evitam declarações públicas detalhadas sobre seu estado de saúde.
Aliados afirmam que a prioridade no momento é a recuperação total do ex-presidente. Sua ausência de eventos e articulações políticas nas últimas semanas, especialmente após o ato realizado na Avenida Paulista no início de abril, reforça o foco nos cuidados médicos.
Facada de 2018 segue como marco na trajetória de saúde
A cirurgia realizada no dia 13 de abril é consequência direta das lesões provocadas pela facada que Bolsonaro levou em Juiz de Fora (MG), em 6 de setembro de 2018. Desde então, ele passou por uma série de procedimentos cirúrgicos, incluindo reparações intestinais, drenagens e correções abdominais.
Os efeitos da lesão continuam impactando sua qualidade de vida, com episódios recorrentes de obstruções e inflamações. Além disso, o ex-presidente apresenta histórico de hipertensão, o que contribui para a necessidade de vigilância constante.
O quadro clínico de Jair Bolsonaro evolui de forma positiva, apesar da gravidade do procedimento ao qual foi submetido. Ainda que esteja em jejum e sem previsão de alta, o ex-presidente apresenta sinais de resposta adequada aos tratamentos.
A permanência na UTI é justificada pela complexidade do caso e pela necessidade de monitoramento contínuo de suas funções vitais. Com a intensificação da fisioterapia e os cuidados médicos especializados, a expectativa da equipe é que ele retome gradualmente as atividades cotidianas nas próximas semanas, à medida que os sintomas forem diminuindo.
Por ora, o Brasil segue acompanhando o quadro de saúde de um dos principais nomes da política recente do país — agora envolto não em agendas eleitorais, mas em uma batalha pessoal pela recuperação física.