
A Amazônia Legal, um dos biomas mais importantes do planeta, registrou, em 2024, o maior número de incêndios florestais em 17 anos. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram contabilizados 140.328 focos de incêndio, representando um aumento de 42% em relação aos 98.634 incêndios registrados em 2023. Este aumento substancial está atrelado a uma série de fatores que incluem a seca prolongada que atingiu a região e as políticas de exploração insustentável do território.
Esses dados alarmantes refletem uma situação crítica, e embora o Inpe tenha mostrado que o desmatamento na região tenha diminuído em 2024, a disparada nos incêndios deixa claro que a Amazônia ainda está sob severa pressão. Em 2024, a área desmatada pode ter sido a menor em anos, mas a quantidade de queimadas superou as estimativas, o que gerou uma série de preocupações tanto para os especialistas ambientais quanto para os órgãos governamentais.
A seca severa que atingiu a região amazônica desde 2023 foi identificada como um fator significativo para o aumento dos incêndios. Essa seca, exacerbada pelas mudanças climáticas, tem criado condições ideais para o alastramento de chamas, que se espalham com rapidez, principalmente em áreas de vegetação mais seca. O Serviço de Monitoramento Atmosférico da União Europeia, Copernicus, observou que a falta de chuvas foi um dos maiores fatores que agravaram a crise ambiental na América do Sul, tornando os incêndios ainda mais devastadores.
O governo brasileiro, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem tomado medidas significativas para reverter esse cenário. Em 2024, o presidente fez da preservação da Amazônia uma prioridade central em sua agenda política, considerando que a região é vital para a regulação do clima global. Lula tem se comprometido em restaurar a proteção da floresta e combater o desmatamento ilegal, além de ter chamado a atenção para a importância de fortalecer as políticas ambientais no Brasil.
No entanto, o desafio é grande. Durante o ano de 2024, a seca e o aumento das temperaturas resultaram em episódios de poluição atmosférica nas principais cidades brasileiras, como Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, que ficaram cobertas por densas colunas de fumaça. A qualidade do ar caiu drasticamente, o que gerou sérios riscos à saúde pública e colocou a população em situação de vulnerabilidade.
Os incêndios florestais que devastaram a Amazônia em 2024 não têm apenas um impacto imediato no meio ambiente, mas também em todo o equilíbrio ecológico e social da região. Além da destruição da biodiversidade, que é irreparável a longo prazo, os especialistas alertam para o aumento das emissões de carbono. A Amazônia é um dos maiores sumidouros de carbono do mundo, ajudando a mitigar as mudanças climáticas ao absorver grandes quantidades de CO2. Contudo, a destruição do bioma coloca a região em uma trajetória perigosa, em que ela poderá começar a emitir mais carbono do que absorve, intensificando ainda mais as mudanças climáticas.
Além dos impactos ambientais, a situação de incêndios também reflete uma crise econômica e social. A agricultura, que muitas vezes recorre à queima de áreas de floresta para abrir espaço para pastagem ou cultivo, é um dos principais agentes de destruição na Amazônia. Embora o governo brasileiro tenha tomado medidas para combater a exploração ilegal, especialistas apontam que a pressão de setores do agronegócio continua sendo uma força destrutiva no bioma.
Em resposta a essas ameaças, o Brasil está se preparando para a Conferência Climática COP30, que será realizada em Belém, em novembro de 2025. O evento é considerado um marco importante para a agenda ambiental do país e para discutir a preservação da Amazônia diante dos desafios climáticos globais. A realização da COP30 no Brasil será uma oportunidade para o governo fortalecer suas políticas ambientais e se posicionar como um líder na luta contra as mudanças climáticas, especialmente no que diz respeito à preservação da Amazônia.
Apesar de algumas conquistas no combate ao desmatamento, como a redução de mais de 30% do desmatamento na Amazônia entre 2023 e 2024, os incêndios florestais e a degradação continuam a ameaçar a integridade do bioma. O trabalho das autoridades de fiscalização ambiental tem sido ampliado, mas ainda é necessário um esforço conjunto entre governo, setor privado e sociedade para garantir que os avanços alcançados no controle do desmatamento não sejam revertidos.
A ameaça dos incêndios e do desmatamento ilegal exige uma resposta coordenada e eficaz. Cientistas e organizações ambientais têm destacado que a preservação da Amazônia não é apenas uma questão do Brasil, mas uma questão de interesse global. A floresta amazônica desempenha um papel crucial na regulação do clima global, sendo um dos maiores reguladores de CO2 do mundo. Sua destruição aceleraria o aquecimento global e causaria efeitos adversos em várias regiões, incluindo a intensificação de fenômenos climáticos extremos, como secas e inundações.
Neste cenário, as políticas de preservação precisam ser ampliadas e complementadas com ações de recuperação ecológica, que ajudem a restaurar áreas degradadas e evitar o avanço das fronteiras agrícolas. As soluções para a crise da Amazônia envolvem desde a fiscalização rigorosa até o apoio à agricultura sustentável, sem que haja a necessidade de queimar a floresta para ampliar a produção agrícola.
Além disso, é crucial que o Brasil continue pressionando a comunidade internacional para que haja uma maior cooperação em relação à preservação da Amazônia. Os países desenvolvidos, que são os maiores emissores de gases de efeito estufa, têm uma responsabilidade histórica em colaborar com os países em desenvolvimento na proteção de ecossistemas vitais para o equilíbrio climático global.
Em resumo, o recorde de incêndios florestais na Amazônia Legal em 2024 é um reflexo de uma crise ambiental cada vez mais grave, exacerbada por fatores climáticos e pela exploração insustentável. A luta pela preservação da Amazônia exige uma ação integrada e eficaz, com políticas públicas voltadas para a proteção ambiental, o fortalecimento da fiscalização e o apoio a modelos de desenvolvimento sustentável.