Brasil pode liderar soluções de aço e alumínio de baixo carbono e atrair US$ 3 trilhões, aponta BCG

DA REDAÇÃO

O Brasil tem potencial para se tornar um dos protagonistas mundiais na produção de aço e alumínio de baixo carbono, segundo um estudo divulgado nesta segunda-feira (2) pela consultoria Boston Consulting Group (BCG). A análise aponta que, se aproveitar seus recursos naturais, sua matriz energética renovável e adotar políticas robustas de incentivo à descarbonização, o país pode atrair até US$ 3 trilhões em investimentos até 2050.

A produção desses metais pesados é uma das principais fontes de emissões de gases de efeito estufa no mundo, representando cerca de 8% das emissões globais de CO₂. A descarbonização do setor é, portanto, um dos maiores desafios para atingir as metas do Acordo de Paris e limitar o aquecimento global.

O estudo revela que o Brasil, por sua posição estratégica, recursos naturais abundantes e matriz elétrica majoritariamente renovável, pode desempenhar um papel essencial na reconfiguração da cadeia global de suprimentos de aço e alumínio. Com reservas significativas de minério de ferro e bauxita, além de hidrelétricas e fontes de energia solar e eólica em expansão, o país reúne condições ideais para produzir metais com menor pegada de carbono em comparação com concorrentes internacionais.

Para que esse potencial seja transformado em realidade, o relatório destaca a importância de políticas públicas que estimulem a transição para processos de produção mais limpos. Isso inclui incentivos fiscais, linhas de financiamento específicas e a criação de mecanismos de certificação para o aço e alumínio verde. Além disso, a modernização das cadeias produtivas e a adoção de tecnologias como a eletrólise de óxido para o alumínio e o uso de hidrogênio verde nos altos-fornos para o aço são fundamentais para reduzir drasticamente as emissões.

“O Brasil tem a chance de liderar um mercado global em transformação, criando empregos qualificados e aumentando sua competitividade internacional”, afirma Gustavo Nieponice, sócio sênior do BCG e coautor do estudo. Segundo ele, o cenário global de investimentos em aço e alumínio verde está aquecido, e países com vantagens competitivas e compromissos firmes de sustentabilidade devem atrair um volume considerável de capital nos próximos anos.

Atualmente, as empresas brasileiras do setor já estão de olho nesse movimento. Companhias como a Vale, a CSN e a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) têm anunciado investimentos crescentes para reduzir a pegada de carbono de seus produtos, visando atender a uma demanda crescente de compradores internacionais por materiais sustentáveis.

A oportunidade também está ligada ao aumento de demanda por aço e alumínio de baixo carbono em setores como transporte, construção civil, embalagens e energia. Fabricantes de automóveis elétricos, por exemplo, buscam metais com menor impacto ambiental para atender às exigências de clientes e legislações cada vez mais rigorosas.

O estudo destaca que, além dos ganhos ambientais, essa transição tem potencial para gerar um ciclo virtuoso de crescimento econômico. O Brasil pode consolidar-se como um fornecedor global de materiais sustentáveis, contribuindo para a balança comercial e gerando oportunidades para a indústria nacional.

Apesar das perspectivas promissoras, o BCG alerta que a transição para aço e alumínio verde requer planejamento e ação coordenada. O país precisará de investimentos expressivos em inovação e infraestrutura, além de políticas de longo prazo que garantam a previsibilidade necessária para atrair investidores.

Com os olhos do mundo voltados para soluções que combinem sustentabilidade e competitividade, o Brasil tem, segundo o estudo, a chance de não apenas acompanhar, mas liderar essa transformação industrial. Uma oportunidade que, se bem aproveitada, pode consolidar o país como um dos motores globais da descarbonização e da nova economia verde.