Aviação Agrícola Autônoma e Elétrica Avança no Brasil com o Pelican 2, Destaque da Agrishow 2025

DA REDAÇÃO

A Agrishow 2025, uma das maiores feiras de tecnologia agrícola do mundo, sediada em Ribeirão Preto (SP), foi palco de uma virada histórica para o agronegócio brasileiro: a entrada definitiva na era das aeronaves agrícolas elétricas e autônomas. O centro das atenções foi o Pelican 2, desenvolvido pela startup americana Pyka e trazido à América Latina pela Synerjet Corp., empresa especializada em soluções de aviação executiva e agrícola.

Apresentada como a maior aeronave agrícola autônoma 100% elétrica do mundo, o Pelican 2 chamou a atenção não apenas por seu porte e design moderno, mas principalmente por representar uma nova proposta operacional para o setor: sem pilotos, com baixa emissão de carbono e alta eficiência de cobertura por hectare. A inovação faz parte da estratégia da Synerjet de introduzir tecnologias disruptivas no campo brasileiro, aproximando o país dos padrões mais modernos de produção sustentável e precisão tecnológica.

Com um valor estimado de US$ 550 mil por unidade, a expectativa da empresa é comercializar até 20 aeronaves no Brasil ainda em 2025, com entregas previstas para o ano seguinte. Os primeiros clientes devem surgir entre grandes produtores do Centro-Oeste e Sudeste, regiões onde a demanda por inovação no manejo de lavouras é constante.

Segundo o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), o Brasil iniciou o ano com 2.722 aeronaves agrícolas registradas, sendo 77% aviões e 23% helicópteros. Com essa frota, o país já ocupa a segunda posição mundial no setor, atrás apenas dos Estados Unidos. Estados como Mato Grosso, Rio Grande do Sul e São Paulo lideram em quantidade de aeronaves, refletindo o dinamismo do agronegócio local.

O Pelican 2 promete aumentar essa eficiência ao oferecer uma combinação de performance e sustentabilidade. Com quatro motores elétricos de 100 kW de potência combinada e autonomia de até 35 minutos de voo, a aeronave é capaz de aplicar até 300 litros de defensivos agrícolas, cobrindo aproximadamente 90 hectares por hora — um número expressivo mesmo para padrões internacionais.

O sistema de baterias de íons de lítio intercambiáveis permite revezamento rápido e operação contínua durante o dia e a noite. O uso de um software de controle de voo e navegação por GPS garante que a aeronave execute as rotas de pulverização com precisão centimétrica, reduzindo o desperdício e o impacto ambiental. A taxa de aplicação, segundo a Pyka, é de 10 litros por hectare — o que combina tecnologia e racionalização do uso de insumos químicos.

Nos Estados Unidos, a aeronave já opera comercialmente, com autorização da Administração Federal de Aviação (FAA), e vem sendo utilizada por grandes conglomerados agrícolas como a Dole, nas plantações de banana em Honduras. A homologação no Brasil está em fase de análise pela ANAC e deve se concretizar até o fim do ano.

Além da Synerjet, outros expositores da Agrishow 2025 também mostraram avanços em agricultura de precisão, drones, sensores e biotecnologia. O evento evidenciou que a transformação digital no campo não é mais tendência, mas realidade. E o uso de aeronaves autônomas é apenas uma das frentes dessa mudança.

A presença de soluções como o Pelican 2 reflete também uma preocupação crescente com os impactos ambientais e a busca por neutralidade de carbono. A substituição de aviões agrícolas movidos a combustíveis fósseis por modelos elétricos pode representar uma economia significativa em emissões de CO₂, além de reduzir ruídos e aumentar a segurança das operações.

Especialistas afirmam que o maior desafio para adoção em massa ainda é o custo inicial, mas acreditam que com incentivos fiscais e financiamento agrícola voltado à inovação, o modelo poderá ser viável mesmo para cooperativas e pequenos produtores. Em paralelo, a expectativa é de que os custos dessas aeronaves diminuam com o tempo, à medida que a tecnologia se difunde.

A aposta da Synerjet é ousada, mas sintonizada com a urgência de repensar os métodos tradicionais de produção agrícola. O Brasil, como potência agroexportadora, precisa cada vez mais conciliar produtividade e responsabilidade ambiental. Nesse sentido, tecnologias como o Pelican 2 surgem como aliadas estratégicas.

A Agrishow deste ano, portanto, foi mais do que uma vitrine de máquinas e equipamentos. Foi um prenúncio do futuro do agro brasileiro: mais autônomo, limpo, eficiente e tecnológico. O campo não é mais movido só a diesel e suor. Agora também voa com baterias e inteligência artificial.