Morre Cid Moreira, aos 97 anos, ícone do jornalismo brasileiro

DA REDAÇÃO

O renomado jornalista e locutor Cid Moreira faleceu na manhã desta quinta-feira, 3 de outubro de 2024, aos 97 anos, em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Cid estava internado devido a complicações de uma pneumonia e, apesar dos esforços médicos, não resistiu à enfermidade. O jornalista, com uma trajetória inigualável na comunicação brasileira, era conhecido por sua voz grave e imponente, eternizada nas noites do Jornal Nacional, da TV Globo.

Nascido em Taubaté, São Paulo, Cid Moreira construiu uma carreira de sucesso que se estendeu por mais de sete décadas. Sua jornada começou aos 15 anos, quando, ainda atuando como contador, foi convidado para ser locutor na rádio Difusora de Taubaté, graças à sua voz marcante. A partir desse momento, Cid nunca mais se afastou dos microfones, conquistando espaços importantes nas maiores emissoras de rádio e televisão do país.

O auge de sua carreira ocorreu quando ele se tornou âncora do Jornal Nacional, em 1969, onde permaneceu por 26 anos. À frente do principal telejornal do Brasil, Cid proferiu seu icônico “boa noite” cerca de oito mil vezes, tornando-se uma figura emblemática da televisão brasileira. Seu estilo sereno e sua presença inconfundível marcaram gerações, consolidando-o como um dos maiores comunicadores da história do país.

Em seus últimos anos de vida, Cid enfrentou desafios relacionados à saúde. Diagnosticado com insuficiência renal, o jornalista teve que mudar seu estilo de vida, deixando a mansão onde vivia em Itaipava, na floresta do Rio de Janeiro, para se mudar com sua esposa, Fátima Sampaio, para uma cobertura em Petrópolis, onde seguiu com o tratamento. Sua relação com Fátima, com quem se casou em 2000, foi marcada por uma intensa parceria, que incluiu o lançamento de sua biografia “Boa Noite – Cid Moreira, a Grande Voz da Comunicação do Brasil”, escrita por Fátima e publicada em 2010.

Entretanto, a vida pessoal de Cid também foi marcada por polêmicas familiares. Seus filhos, Roger e Rodrigo, entraram com um processo contra o pai e a madrasta, acusando Fátima de manter Cid em cárcere privado e de se apropriar dos bens do locutor. A relação conturbada entre Cid e seus filhos ganhou grande repercussão na mídia, especialmente após Roger, seu filho adotivo, ir a público para relatar desentendimentos com o pai e alegar que havia sido deserdado. Rodrigo, filho biológico do casamento de Cid com Olga Verônica, também participou das acusações, gerando uma disputa familiar que durou até os últimos anos de vida do jornalista.

Cid Moreira casou-se três vezes ao longo de sua vida. Seu primeiro casamento foi com Olga Verônica Radenzev Simões, seguido pela união com Ulhiana Naumtchyk Moreira, antes de se casar com Fátima Sampaio. A longevidade e a carreira brilhante de Cid transcenderam suas questões pessoais, consolidando-o como uma das vozes mais icônicas da comunicação no Brasil.

Mesmo após sua aposentadoria da televisão, Cid continuou ativo em projetos diversos, incluindo gravações para a internet e redes sociais, onde conquistou um público fiel e ainda mais visibilidade. Em 2010, seu nome voltou a ser destaque quando gravou uma divertida vinheta para a Copa do Mundo da África do Sul, com a icônica pronúncia da bola “Jabulaaani”, que viralizou e ainda é lembrada nas redes sociais.

O legado de Cid Moreira, tanto no rádio quanto na televisão, é inegável. Sua voz potente e inconfundível, que por décadas anunciou os principais fatos do país e do mundo, seguirá viva na memória de milhões de brasileiros que cresceram acompanhando seu trabalho. Cid Moreira será lembrado como um dos grandes mestres da comunicação, cujo impacto no jornalismo brasileiro dificilmente será igualado.