Debate morno na Globo destaca gestão Nunes e indecisos no foco dos candidatos em São Paulo

DA REDAÇÃO

Na noite desta quinta-feira, 3 de outubro, a TV Globo realizou o último debate das eleições municipais de São Paulo, atraindo os olhares de milhares de eleitores indecisos, a poucos dias do primeiro turno, que acontece no domingo, 6 de outubro. Cinco candidatos à prefeitura da capital paulista tiveram a chance de expor suas propostas e atacar diretamente o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), que se tornou o alvo principal do encontro. Tabata Amaral (PSB), Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB) e José Luiz Datena (PSDB) não pouparam críticas à gestão de Nunes, numa tentativa de conquistar os eleitores que ainda não definiram seu voto.

Comparado a debates anteriores, o clima foi mais ameno, com foco em propostas e menos confrontos diretos. No entanto, a figura de Nunes, que tenta a reeleição, esteve no centro das discussões. O prefeito iniciou o debate com a defesa de sua gestão, ressaltando feitos como a criação de 19 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e a redução de impostos para aplicativos de transporte. Ele também destacou os R$ 20 bilhões que afirma ter deixado em caixa, reforçando sua responsabilidade com a saúde financeira da cidade.

O apresentador José Luiz Datena, por sua vez, adotou uma postura focada na segurança pública, ressaltando propostas para o combate ao roubo de celulares e buscando consolidar sua imagem de “candidato da segurança”. Seu discurso foi direto e segmentado, claramente voltado para o público que mais se preocupa com questões de criminalidade na cidade.

Já Tabata Amaral usou seu tempo para criticar Nunes, classificando sua gestão como “medíocre” e chamando o prefeito de “pequeno”. A deputada federal tentou se posicionar como uma opção viável, destacando que, apesar de ter menos intenções de voto do que os líderes das pesquisas, sua candidatura representa uma verdadeira mudança. Tabata também propôs soluções para moradia e mobilidade, com um programa de financiamento de aluguel para os mais pobres, e criticou o prefeito pela crise na cracolândia.

Guilherme Boulos, um dos principais adversários de Nunes nas pesquisas, rebateu as críticas sobre sua falta de experiência administrativa. Boulos defendeu sua trajetória política, ressaltou a importância de sua vice, Marta Suplicy (PT), e o apoio do presidente Lula à sua candidatura. Ele buscou se conectar com eleitores cansados da política tradicional, apresentando-se como o “candidato da mudança” e prometendo não aumentar impostos. Além disso, garantiu que revogaria a contribuição de 14% dos aposentados e focaria em obras de mobilidade e habitação.

Pablo Marçal, que em debates anteriores adotou uma postura mais agressiva, optou por um tom mais conciliador dessa vez. O influenciador se posicionou como o candidato da “antipolítica”, prometendo transformar São Paulo com foco em educação financeira, empreendedorismo e inteligência emocional nas escolas. Marçal afirmou que a única solução para o país é “trocar todos que estão no poder” e garantiu que a prosperidade virá com suas propostas de inovação.

No segundo bloco, o debate seguiu com a mesma dinâmica, com os candidatos sendo provocados a expor suas soluções para problemas como mobilidade urbana, educação e segurança pública. Tabata e Marçal protagonizaram um diálogo mais tranquilo, com a deputada perguntando sobre mobilidade e Marçal apresentando suas propostas, sem ataques diretos. Já Datena e Boulos voltaram a se enfrentar sobre a reforma previdenciária aprovada na cidade, com o psolista prometendo reverter o aumento da contribuição dos servidores municipais.

Nunes continuou na defensiva, principalmente quando questionado por Marçal sobre os erros de sua gestão, especialmente na área da educação. O prefeito aproveitou o espaço para listar suas realizações e pedir mais tempo para completar suas ações. Tabata, por outro lado, foi incisiva ao atacar a gestão do prefeito na questão das cracolândias, afirmando que ele assumiu a prefeitura com uma e agora entrega “72 cracolândias”.

O último debate antes do primeiro turno das eleições em São Paulo, embora marcado por uma atmosfera mais amena, teve momentos de tensão e colocou Ricardo Nunes na berlinda, sendo constantemente questionado sobre sua gestão. Ao mesmo tempo, os candidatos tentaram conquistar a confiança dos eleitores indecisos, que podem ser determinantes na definição do próximo prefeito da maior cidade do país.