Incêndio em área de mata na Zona Norte do Rio mobiliza bombeiros e preocupa moradores

DA REDAÇÃO

Na noite desta terça-feira (1), equipes do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro seguem combatendo um incêndio de grandes proporções que atinge a área de mata na Grande Tijuca, Zona Norte da cidade. O foco principal do incêndio parece estar localizado no Morro do Sumaré, dentro do Parque Nacional da Tijuca, uma área verde que é parte da Floresta da Tijuca, uma das maiores florestas urbanas do mundo. As chamas já consomem a vegetação há mais de 13 horas, de acordo com o Corpo de Bombeiros.

O incêndio teve início na manhã de terça-feira, por volta das 8h, quando as equipes foram acionadas para conter o avanço do fogo. Moradores da região relatam que as chamas são visíveis de vários pontos do bairro da Tijuca, e vídeos circulando nas redes sociais mostram o fogo se alastrando por uma extensa faixa de vegetação no morro.

Segundo relatos de testemunhas, o incêndio pode ter começado na área de mata do Morro da Formiga, próximo à Rua Conde Bonfim, onde os moradores já demonstram preocupação com o avanço das chamas. A fumaça do incêndio se espalhou pelo bairro e pôde ser vista inclusive da Ponte Rio-Niterói, evidenciando a gravidade da situação. “É angustiante ver o fogo se aproximando. Tememos pelo impacto que isso pode causar nas casas próximas”, afirmou um morador.

Setembro mais seco em 27 anos

A situação do incêndio é agravada pelo clima extremamente seco que o Rio de Janeiro enfrentou em setembro de 2024. Segundo o Sistema Alerta Rio, responsável pelo monitoramento meteorológico da cidade, o mês passado foi o mais seco dos últimos 27 anos, com um índice pluviométrico de apenas 6,9mm. Este é o menor volume de chuvas registrado na cidade desde 1997, quando os dados começaram a ser monitorados regularmente.

Essa condição climática adversa contribui para a rápida propagação do fogo nas áreas de mata, dificultando ainda mais o trabalho das equipes de combate ao incêndio. “A falta de chuva por tanto tempo deixa a vegetação extremamente vulnerável e qualquer foco de fogo pode se alastrar rapidamente”, explicou um meteorologista local.

Ações dos bombeiros

Até o momento, diversas equipes do Corpo de Bombeiros estão mobilizadas na operação, utilizando caminhões-pipa e equipamentos especializados para tentar conter as chamas e impedir que o fogo se aproxime de áreas residenciais. Apesar do esforço, o terreno íngreme e de difícil acesso no Morro do Sumaré dificulta a atuação, e o fogo continua a avançar em algumas áreas.

“A situação é complicada devido à extensão da área afetada e à intensidade das chamas. Estamos trabalhando sem interrupções para garantir que o fogo não chegue às áreas urbanas”, afirmou um oficial do Corpo de Bombeiros envolvido na operação.

Preocupação com o meio ambiente

O Parque Nacional da Tijuca é uma área de extrema importância ambiental para a cidade do Rio de Janeiro, abrigando diversas espécies de fauna e flora típicas da Mata Atlântica. Um incêndio de grandes proporções como o que está em curso pode causar danos severos à biodiversidade local, além de comprometer os esforços de conservação do ecossistema.

Nos últimos anos, incêndios florestais têm sido uma preocupação crescente em várias partes do Brasil, especialmente em áreas de preservação ambiental. A combinação de fatores como a mudança climática, longos períodos de estiagem e ações humanas, como queimadas irregulares, têm contribuído para o aumento na frequência e intensidade desses eventos.

Reações da população

Nas redes sociais, moradores da Grande Tijuca têm expressado sua preocupação não apenas com o avanço do incêndio, mas também com os efeitos imediatos da fumaça que tomou conta do bairro. Muitos relatam dificuldade de respirar e afirmam estar buscando maneiras de minimizar a exposição ao ar contaminado.

“Estamos de janelas fechadas e usando máscaras dentro de casa. A qualidade do ar está muito ruim, o cheiro de fumaça está por toda parte”, relatou uma moradora que vive nas proximidades do Morro do Sumaré.

As autoridades de saúde já alertaram a população sobre os riscos à saúde em situações como essa, recomendando que as pessoas evitem atividades ao ar livre e tomem medidas para proteger as vias respiratórias, especialmente idosos, crianças e aqueles que já possuem problemas respiratórios preexistentes.

Situação em andamento

Apesar dos esforços contínuos, o incêndio ainda não foi completamente controlado. As equipes de bombeiros permanecem no local, trabalhando contra o tempo e as condições climáticas desfavoráveis. A expectativa é que, com a queda das temperaturas durante a noite, o combate ao fogo seja facilitado, embora a seca prolongada continue a ser um grande obstáculo.

Este não é o primeiro incêndio de grandes proporções a atingir o Parque Nacional da Tijuca. Em 2022, um incêndio semelhante consumiu cerca de 7,7 mil hectares de vegetação, equivalente a 20% da área total do parque, chegando próximo ao reservatório de Santa Maria, responsável pelo abastecimento de água da região central do Rio de Janeiro.

A previsão para os próximos dias não indica chuvas significativas, o que aumenta a preocupação com a possibilidade de novos focos de incêndio na região e em outras áreas de mata da cidade.