Mortandade de peixes e águas verdes na represa Billings alarmam autoridades ambientais

(Governo de São Paulo / Reprodução)
DA REDAÇÃO

Na manhã desta quarta-feira, 11 de setembro de 2024, a Represa Billings, um dos principais reservatórios de água da Região Metropolitana de São Paulo, apresentou um cenário preocupante: águas esverdeadas e a mortandade de milhares de peixes. O fenômeno mobilizou técnicos da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), e da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), que realizaram vistorias no local para investigar as causas do problema e iniciar o processo de limpeza.

A represa, que também desempenha um papel crucial no abastecimento de água de São Paulo, faz divisa com a bacia da Represa Guarapiranga e a Serra do Mar, sendo uma área de extrema importância ecológica. O impacto ambiental causado pela proliferação de algas, a mudança na coloração da água e a morte de peixes trouxe à tona a necessidade de ações imediatas para conter o dano.

Causas Prováveis: Proliferação de Algas e Poluição

De acordo com a nota divulgada pela Secretaria de Meio Ambiente, a cor esverdeada das águas, fenômeno observado também em outros cursos d’água da região, como o Rio Pinheiros, tem como principal causa a proliferação excessiva de algas. Essa proliferação é frequentemente associada a condições ambientais desfavoráveis, como baixa vazão de água e poluição decorrente do excesso de esgoto despejado sem tratamento adequado.

A estiagem prolongada que afeta o estado de São Paulo agrava ainda mais a situação, pois a redução no volume de água disponível favorece o crescimento de micro-organismos, como algas, que encontram nas águas paradas e contaminadas um ambiente propício para se multiplicarem. Essa proliferação, por sua vez, provoca desequilíbrios no ecossistema aquático, contribuindo para a morte de espécies de peixes que não suportam a queda na qualidade da água.

“Com a estiagem e a poluição acumulada, os níveis de oxigênio dissolvido na água caem drasticamente, levando à morte de várias espécies de peixes sensíveis a essas alterações”, explicou Ivonete Coelho, gerente de Licenciamento da Cetesb, em entrevista à mídia local.

Impactos Ambientais e a Situação da Represa Billings

A Represa Billings é um dos maiores reservatórios de água da Região Metropolitana de São Paulo e exerce uma função essencial no abastecimento de parte da população. No entanto, nos últimos anos, a degradação ambiental do reservatório tem se intensificado devido à poluição e à ocupação irregular em áreas de preservação.

A mortandade de peixes observada nesta semana é um reflexo dos problemas de gestão ambiental enfrentados pela região. Segundo as autoridades, a situação na Billings é um alerta para a necessidade urgente de medidas que garantam a preservação dos recursos hídricos da região.

Embora a Sabesp tenha garantido que a captação de água no braço Rio Grande, separado do corpo principal da represa, não foi afetada e que a potabilidade da água fornecida continua assegurada, a degradação ambiental da Billings não pode ser ignorada. A presença de algas em níveis elevados pode comprometer não apenas a qualidade da água, mas também a saúde do ecossistema como um todo.

Ações de Limpeza e Monitoramento

As equipes da Cetesb e da Sabesp foram rápidas em iniciar os trabalhos de limpeza, com a expectativa de conclusão ainda no decorrer do dia. Além disso, amostras de água foram coletadas para análise laboratorial, a fim de identificar com precisão os níveis de poluentes e a gravidade da proliferação de algas.

“Precisamos monitorar de perto essa situação para garantir que o problema seja contido e que a represa não sofra danos irreparáveis”, destacou Carlos Moreira, coordenador de operações ambientais da Cetesb.

A limpeza emergencial envolve a retirada dos peixes mortos da superfície da represa, além de ações para conter a proliferação das algas. Segundo especialistas, esse tipo de intervenção é essencial para evitar que a situação se agrave, especialmente com a previsão de mais dias de tempo seco e sem chuvas significativas para melhorar a situação dos reservatórios.

A Crise Hídrica e as Queimadas Agravantes

O estado de São Paulo vive uma das maiores crises hídricas dos últimos anos. A estiagem prolongada, aliada a práticas irregulares de uso do solo, como o despejo de esgoto sem tratamento, impacta diretamente os mananciais de água. Além disso, a vegetação ao redor das áreas de proteção ambiental tem sido duramente afetada pelas queimadas, que também contribuem para a poluição dos cursos d’água.

De acordo com dados recentes, a Represa Billings já vinha sofrendo com a baixa qualidade da água, e a combinação de estiagem e poluição agora se manifesta de maneira mais agressiva, com a morte de peixes e a alteração da cor da água. Ambientalistas alertam que, sem uma mudança significativa nas políticas de preservação e controle de poluentes, desastres como esse podem se tornar mais frequentes.

A Questão das Algas e a Saúde Pública

A proliferação de algas é um fenômeno natural em ambientes aquáticos, mas quando ocorre de forma descontrolada, como no caso da Represa Billings, pode trazer consequências graves para a saúde pública e o meio ambiente. As chamadas “flores de algas” podem liberar toxinas perigosas que contaminam a água e colocam em risco a fauna e a flora aquáticas.

Além disso, a presença de algas em níveis elevados também pode afetar o tratamento da água destinada ao consumo humano, tornando o processo mais complexo e oneroso. No caso da Represa Billings, as autoridades monitoram constantemente os níveis de contaminação e asseguram que, até o momento, não houve impacto na qualidade da água fornecida para a população.

A Importância da Represa Billings para São Paulo

A Represa Billings é um dos principais recursos hídricos da capital paulista e da região metropolitana, sendo responsável por grande parte do abastecimento de água. Com sua localização estratégica, próxima à bacia da Represa Guarapiranga e à Serra do Mar, o reservatório desempenha um papel vital no equilíbrio ambiental da região.

Entretanto, o crescimento urbano desordenado e a poluição têm colocado em risco a preservação desse importante manancial. A cada novo episódio de mortandade de peixes ou poluição por algas, a urgência de ações mais efetivas para a proteção da Billings se torna evidente.