Paraná suspende queimas controladas por 90 dias para prevenir incêndios florestais

DA REDAÇÃO

O estado do Paraná enfrenta um período crítico de estiagem e altas temperaturas, o que levou o governo a adotar medidas preventivas para conter o risco crescente de incêndios florestais. Nesta segunda-feira (9), o Instituto Água e Terra (IAT) anunciou a suspensão das queimas controladas por um período de 90 dias em todo o estado. A decisão tem como objetivo principal evitar a propagação de incêndios em áreas vulneráveis, onde a falta de chuvas e a baixa umidade do ar criam um cenário propício para o surgimento de grandes focos de fogo.

Medida preventiva para conter incêndios

A publicação no Diário Oficial do Paraná destaca a suspensão do uso do método de queima controlada, que tradicionalmente é utilizado para atividades agrícolas, como a separação da cana-de-açúcar. As usinas de açúcar e álcool, que dependem deste processo, estão agora incumbidas de comunicar a proibição aos seus fornecedores, garantindo que a prática seja interrompida durante o período estipulado.

Ivonete Coelho, gerente de Licenciamento do IAT, enfatizou que a decisão foi tomada devido às condições climáticas extremamente desfavoráveis. “Um foco de fogo, nas condições atuais, pode se transformar em incêndio de grandes proporções”, afirmou a gerente, destacando a gravidade da situação.

Cenário de estiagem agrava risco de queimadas

O Paraná vem registrando uma combinação perigosa de fatores climáticos, que inclui áreas sem chuvas por períodos prolongados e uma baixa umidade relativa do ar. Essa situação, aliada às temperaturas atípicas para o inverno, tem tornado o estado especialmente vulnerável a incêndios florestais.

Diversas regiões do Paraná têm enfrentado condições climáticas adversas, com umidade do ar bem abaixo do ideal. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o nível de umidade ideal para a saúde humana deve variar entre 50% e 60%. No entanto, algumas cidades paranaenses apresentaram índices muito inferiores a esse parâmetro. Em Londrina, por exemplo, a umidade chegou a apenas 18,1%, enquanto Loanda registrou 19%, Altônia 20% e Curitiba, 27%.

Alerta e situação de emergência

Diante desse cenário, o governador Carlos Massa Ratinho Junior decretou situação de emergência no estado, na última quarta-feira (4). A medida abrange diversos municípios paranaenses afetados pela estiagem, que já dura mais de um mês.

O Corpo de Bombeiros tem trabalhado intensivamente para combater os focos de incêndio. De acordo com a corporação, foram registrados mais de 10 mil focos de incêndio entre janeiro e agosto de 2024. A situação é preocupante, e a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest) está finalizando uma resolução técnica para mitigar os efeitos da seca, buscando soluções para minimizar o impacto da estiagem sobre a população e o meio ambiente.

Aumento da poluição e seus efeitos

Além de provocar incêndios, a estiagem e as queimadas têm impactado a qualidade do ar no estado. Em várias regiões, a poluição do ar atingiu níveis alarmantes. O aumento das partículas poluentes no ar gera consequências para a saúde, especialmente para pessoas com doenças respiratórias. Recentemente, especialistas alertaram que a exposição prolongada à poluição atmosférica pode ser comparada a “fumar de 4 a 5 cigarros por dia sem querer”, devido ao alto nível de poluentes inalados pela população.

Esse panorama reforça a importância das ações de prevenção adotadas pelo governo do Paraná. Ao suspender temporariamente as queimas controladas, o estado busca reduzir a emissão de poluentes e controlar a propagação de incêndios, evitando um agravamento ainda maior da qualidade do ar e protegendo a saúde da população.

Focos de incêndio no estado

A Defesa Civil do Paraná informou que, atualmente, o estado possui oito focos de incêndio ativos. Essas queimadas estão ocorrendo em municípios como General Salgado, Dois Córregos, Santo Antônio do Aracanguá, Pedregulho, Itirapuã, Mairiporã, São João da Boa Vista e Elias Fausto, além de outras regiões que continuam em estado de alerta. Ao todo, 48 cidades do interior do estado estão em alerta vermelho devido ao alto risco de incêndios florestais.

As autoridades seguem monitorando de perto a situação, e novas medidas poderão ser tomadas caso o cenário climático não apresente melhoras. A expectativa é que a suspensão das queimas controladas ajude a diminuir os focos de incêndio e proteja as áreas vulneráveis.

Medidas de prevenção recomendadas

Diante da gravidade da situação, o governo do Paraná e as autoridades ambientais recomendam que a população adote medidas preventivas para evitar o surgimento de novos focos de incêndio. Entre as orientações, destacam-se a não realização de queimadas para limpeza de terrenos ou atividades agrícolas durante o período de suspensão, o uso responsável da água, e o monitoramento de áreas secas para evitar que pequenas fagulhas se transformem em grandes incêndios.

Além disso, a população deve estar atenta aos sinais de fumaça e incêndios, reportando imediatamente qualquer foco suspeito às autoridades competentes. O combate rápido e eficiente ao fogo pode ser crucial para evitar que ele se espalhe e cause danos irreversíveis ao meio ambiente e às comunidades locais.