
A Polícia Federal (PF), em conjunto com o Ministério Público Federal, cumpriu mandados de busca e apreensão na manhã desta quinta-feira, 27, contra ex-diretores e pessoas ligadas à Americanas. A Operação Disclosure, autorizada pela 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, visa investigar supostos crimes financeiros cometidos pela alta cúpula da varejista.
Entre os alvos estão o ex-CEO Miguel Gutierrez e a ex-diretora Anna Christina Ramos, que já são considerados foragidos internacionais. Ambos estão fora do Brasil e serão incluídos na Difusão Vermelha da Interpol, a lista de pessoas mais procuradas do mundo. Ao todo, são dois mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão, todos no Rio de Janeiro.
Bloqueio de bens e mandados de prisão
A Justiça Federal também determinou o bloqueio de bens e valores dos ex-diretores, totalizando R$ 500 milhões. Além de Miguel Gutierrez e Anna Christina Ramos, outros ex-executivos como Anna Christina da Silva Sotero, Carlos Eduardo Padilha, Fabien Picavet, Fabio Abrate, Jean Pierre Ferreira, João Guerra Duarte Neto, José Timotheo de Barros, Luiz Augusto Henriques, Marcio Cruz Meirelles, Maria Christina Do Nascimento, Murilo dos Santos Correa e Raoni Lapagesse Franco também estão na mira da operação.
Crimes investigados e possíveis penas
Os investigados são suspeitos de crimes como manipulação de mercado, uso de informação privilegiada e associação criminosa. As penas para esses crimes podem chegar a 26 anos de prisão. A operação foi batizada de “disclosure” devido ao uso do termo no mercado financeiro, que se refere à divulgação de informações para garantir a transparência da situação de uma empresa.
Início das investigações
O escândalo envolvendo a Americanas veio à tona no início de 2023, quando a empresa informou ao mercado inconsistências contábeis de mais de R$ 20 bilhões. A descoberta levou a empresa a um processo de recuperação judicial. Este anúncio resultou na renúncia do então CEO Sergio Rial, que havia assumido o cargo poucos dias antes do rombo ser divulgado, e do principal executivo de finanças, André Covre.
Fraudes contábeis e operações de risco sacado
De acordo com as investigações, os ex-diretores da Americanas praticaram fraudes contábeis relacionadas a operações de risco sacado. Isso significa que a varejista antecipou o pagamento a fornecedores por meio de empréstimos junto aos bancos. Além disso, foram identificadas fraudes envolvendo contratos de verba de propaganda cooperada (VPC), onde verbas que nunca existiram foram contabilizadas.
Manipulação de mercado e uso de informação privilegiada
A investigação revelou indícios da prática de manipulação de mercado, uso de informação privilegiada (conhecido como “insider trading”), associação criminosa e lavagem de dinheiro. A prática de vender ações da empresa antes de divulgar informações negativas ao mercado é considerada crime de uso de informações privilegiadas.
Impacto no mercado e futuro da Americanas
A revelação das fraudes contábeis e a subsequente investigação policial geraram uma crise de confiança no mercado, impactando significativamente o valor das ações da Americanas. A empresa, que já estava em dificuldades financeiras, agora enfrenta um desafio adicional com a recuperação de sua imagem e a reestruturação de suas operações.